Por
Gazeta Paços de Ferreira

18/07/2025, 9:40 h

182

A velha azáfama do final do ano

Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA

EDUCAÇÃO

O ano letivo terminou a 27 de junho e desde então os trabalhos na escola têm-se centrado na avaliação das aprendizagens e do ano letivo em geral. Em simultâneo, prepara-se já o próximo ano letivo que arranca na segunda semana de setembro.
Além de todas as tarefas normais de final de ano, os professores do 1º ciclo têm estado a fazer formação intensiva no âmbito dos Laboratórios STEAM, que estão a ser montados nos Centros Escolares.

Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)

 

Constituição de turmas

 

Um dos problemas, que se está a sentir este ano, prende-se com a constituição de turmas. Há legislação que define a constituição dos grupos/turmas.

 

Vou apenas referir os números da Educação Pré- Escolar e do Ensino Básico.

 

Na Educação Pré- Escolar os grupos têm que ter entre 20 a 25 crianças; no 1º CEB as turmas são constituídas por 24 alunos no 1º ano e 26 nos restantes; no 5º e 7º o mínimo são 24 alunos e o máximo 28; no 6º, 8º e 9º o mínimo é de 26 alunos e o máximo de 30 alunos. Há ligeiras alterações no caso de os Agrupamentos serem TEIP, como é o caso de Frazão, em que reduz o máximo de alunos no 2º ano e do 5º ao 8º, diminuindo dois alunos ao número definido para as outras escolas.

 

Há ainda uma exceção nas turmas que integram alunos com Necessidades Educativas Especiais, que devem ser constituídas por 20 alunos e, segundo a lei, não podem incluir mais de dois nessas condições. Já é assim há alguns anos. Contudo, este ano poderemos estar com alguns problemas na constituição de turmas.

 

É conhecida a falta de professores a nível nacional. No sentido de rentabilizar recursos, o Ministério deu orientações para “encher” as turmas. Não as aprovará se não estiverem nos limites legais. O problema que se coloca é que as turmas, que já existiam, poderão ter que ser desmanchadas para formar novas turmas que cumpram os limites máximos de alunos, ou seja, turmas de 18 ou 20 alunos poderão ter que agregar alunos de outras turmas até atingirem o número 26, no caso do 1º ciclo.

 

Corre-se ainda o risco de haver alunos que terão que ir para outra escola por falta de vaga e pior: no caso de haver famílias a mudar de residência ao longo do ano, poderão não ter vaga para os filhos!

 

Vamos ver o que vai acontecer. Para já ainda só foram submetidas as turmas do 1º ano e do JI e nem todas estão aprovadas, apesar de já ter passado o prazo para tal. O meu receio prende-se mesmo com as turmas que já existem e com a inflexibilidade do Ministério em as aprovar, sendo de continuidade. A acontecer, deixo apenas um conselho aos pais: de nada vale irem reclamar com as direções dos Agrupamentos. Eles já tentaram tudo para manter as melhores propostas, mas não são eles que decidem.  Aguardemos…

 

 

 

 

Laboratórios STEAM

 

Como já referi algumas vezes, o 1º CEB e o JI são o “carro vassoura”, terminando muito tarde. Este ano terminaram a 27 de junho e no próximo ano será a 30. As crianças mais novas são, sem dúvida, as que mais trabalham.

 

Sendo assim, também estes docentes são os que ficam mais tempo a trabalhar com os miúdos. Quando acabam o trabalho com as crianças, têm todo o trabalho burocrático para fazer em tempo recorde.

 

Este ano temos ainda um acréscimo: formação STEAM. Apesar do cansaço que se sente, 30 docentes frequentam a ação de formação cinco dias intensivos.

 

O Município está a instalar 14 Laboratórios STEAM em todos os Centros Escolares. As escolas terão ao seu dispor equipamento científico que permitirá aos alunos desenvolver competências mais alargadas.

 

A Metodologia STEAM integra as áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática. Esta metodologia incentiva a realização de projetos práticos e desafiantes, adaptados ao mundo real, que promovam a colaboração, criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas. Acima de tudo, os alunos são incentivados a descobrir, relacionar conhecimentos das diferentes áreas e testar fazendo, para construir conhecimento. Parece que não é nada de novo, mas é! No fundo, os laboratórios têm material que os alunos podem usar para desenvolver a motricidade fina, que tanto se tem perdido. Construir circuitos elétricos é um dos exemplos que se pretende, mas com objetivos práticos, não apenas porque faz parte do currículo.

 

Sem dúvida que o ensino deve retomar estas partes práticas que antigamente se faziam em família. Hoje em dia ninguém sabe compor uma torneira, ou resolver um pequeno problema elétrico. São pequenos exemplos do que está a falhar na aprendizagem: aprende-se teoria, decora-se, mas depois não se sabe muito bem como aplicar na prática.

 

Temos um longo caminho para percorrer e será um desafio (mais um) para os professores no próximo ano: conseguir traçar percursos e definir projetos enriquecedores para os alunos, utilizando o material dos laboratórios. Acredito que será uma mais-valia para os nossos alunos e desafiante para a educação no concelho.

 

 

ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA

Opinião

Opinião

A velha azáfama do final do ano

18/07/2025

Opinião

Entre trancos e barrancos… a moeda com curso legal nem para comprar uma côdea de pão já serve?

16/07/2025

Opinião

O que é a inflação?

15/07/2025

Opinião

Os pobres não podem esperar

13/07/2025