Por
Gazeta Paços de Ferreira

15/05/2025, 12:09 h

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REYMONDA - OS PÉS DAS PEGADAS - XIII

Freguesias Raimonda

FREGUESIAS

PAISAGEM E POVOAMENTO - CONTINUAÇÃO

Por Miguel Meireles

 

As Matas do Carvalhido - situadas no lugar do mesmo nome, configuravam um enclave, delimitado por um caminho vicinal aí existente e pelas áreas agricultadas que, desde Soutelinhos e Tutinas, "desciam" para o Reguengo.  A elevação das cotas de relevo e razões de complementaridade funcional terão desaconselhado acções de arroteamento.  Por entre pinheiros e eucaliptos, um ou outro conjunto de carvalhos fazia jus ao nome do lugar e das matas. Também aqui ocorria a coincidência entre os proprietários das parcelas de mato e arvores, com os das parcelas contíguas de lavradio. Vários caminhos de servidão davam acesso a prédios encravados de mato e de lavradio. Carreiros múltiplos, "vindos" dos lados do Outeiro,  de Parada e do Reguengo, encurtavam distâncias no acesso ao caminho vicinal e, por este, à Estrada Nacional. Já então e desde meados da década de 40, laborava aí a primeira e pequena unidade industrial, dedicada ao fabrico de mobiliário escolar. A abertura da EN e o renque de construções por ela atraídos terão,  muito provavelmente,  cavado a separação entre esta área e a terceira mancha atrás referida. 

 

A Mata do Reguengo - integrava-se no espaço da casa do mesmo nome, no extremo sul da freguesia, projectando-se pela vizinha de Figueiró. Era atravessada pela EN que segue para Freamunde e pelo caminho vicinal que vem das matas do Carvalhido. Ocupavam as cotas mais elevadas de relevo,  na continuidade de terrenos lavradios, também eles propriedade da mesma casa. Por entre pinhal cerrado e carvalhos vetustos, uma longa avenida, fechada por frondoso portão, garantia o acesso à residência senhorial. 

 

 

 

 

No tempo a que nos reportamos, encontrava-se já bem consolidado na comunidade o direito da propriedade privada, no usufruto destas áreas de mato e árvores.  Como resquício duma utilização colectiva, que terá sido mais intensa, persistia ainda a recolha de caruma e do tojo, das pinhas secas e da linha caída ou, quando era o tempo, das landes e bolotas para alimento dos suínos. Cada caseiro tinha anexada à "sua" exploração parte destes matos. Nos períodos de escassez de penso, neles faziam pastar os gados. Com os matos azotavam a plantação da vinha e "faziam as camas" do gado, com que, mais tarde, estrumariam os campos. A lenha das podas e as mondas aqueciam os fornos e as lareiras. As árvores, essas, eram reserva dos senhorios, que prezavam e vigiavam a sua preservação, para efeitos de venda ou consumo próprio,  limitando os cortes às suas próprias necessidades em madeira, lenha ou carvão.

 

As grandes manchas de lavradio ou de mato e árvores, faziam do núcleo de S.Pedro um espaço marcadamente agro-florestal. Pudemos constatar como a distribuição espacial dessas manchas foi influenciada por factores de ordem natural, caso do relevo, da rede hidrográfica, do regime dos ventos e da diferente aptidão dos solos. Às áreas de lavradio, muito concentradas na depressão, correspondiam outras de mato e árvores, também concentradas ou dispersas em cotas mais baixas de relevo. Esta proximidade geográfica  e a detenção de umas e outras pelos mesmos proprietários dão conta da forte articulação funcional que as interligava.

 

 

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