Por
Gazeta Paços de Ferreira

26/09/2025, 10:05 h

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A ofensiva laboral não passará

Destaque Editorial Álvaro Neto

EDITORIAL

O Ministério do Trabalho publicou recentemente um pacote de medidas, que, segundo afirma a respectiva Ministra, visam reforçar a competitividade da economia, através da “flexibilização da legislação laboral”, que tem suscitado alargada contestação dos trabalhadores e das suas organizações representativas e, naturalmente, o apoio discreto das entidades patronais.

Por Álvaro Neto (Diretor da Gazeta de Paços de Ferreira)

 

De acordo com os especialistas, o aumento da competitividade da economia não se consegue com baixos salários, ou baixando-os ainda mais, como pretende o Governo.

 

Segundo dados da EUROSTAT, Portugal continua a ser dos países da EU onde os custos hora/trabalho são mais baixos, e a tendência é para o agravamento.

 

Estudos da OCDE apontam no sentido de que o salário justo, a estabilidade, o reconhecimento e mais oportunidades de progressão estão associados a maiores níveis de desempenho e de produtividade.

 

(Em Portugal, pretende-se continuar a seguir em sentido contrário).

 

Quais são essas propostas governamentais?

 

Vejamos algumas:

 

- Contratos a termo: generalizar e eternizar a contratação a termo, transformando em regra o que deveria ser excepção: o prazo mínimo passar a ser de um ano, em vez dos seis meses e o máximo do contrato (incluindo renovações) passar de dois para três anos.

 

- Pais com filhos até 12 anos, ou com deficiência, ou doença crónica, deixam de poder recusar o trabalho à noite, ao fim de semana e feriados.

 

- Amamentação – o horário reduzido fica reduzido a dois anos.

 

- Luto gestacional – revogar a norma que garante três dias de falta justificada sem perda de remuneração

 

- Formação – redução de 40 para 20 horas por ano de obrigação das microempresas de formação contínua aos trabalhadores.

 

- Imposição do banco de horas individual

 

- Compra de dias de férias

 

- Desproteção na negociação colectiva: atrofiamento

 

- Despedimento: recusa de reintegração no caso de despedimento sem justa causa

 

- Alargamento dos serviços mínimos de greve

 

Várias outras medidas que têm como consequência a precariedade, a insegurança laboral.

 

Estamos certos que as movimentações, em curso, de concertação social  e as lutas de contestação dos trabalhadores nas ruas impedirão a entrada em vigor de muitas destas ( se não todas) medidas lesivas dos interesses dos trabalhadores.

 

 

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