05/07/2025, 11:07 h
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Opinião Opinião Politica Juventude Socialista
OPINIÃO POLÍTICA
Por João Pavão (Militante da Juventude Socialista de Paços de Ferreira)
A poucos dias da Cimeira da NATO em Haia, assistimos ao bombardeamento do Irão pelos Estados Unidos da América e por Israel — uma escalada preocupante, que levanta mais dúvidas do que certezas. O pretexto foi o restabelecimento da ordem. O resultado, contudo, foi mais medo, mais incerteza, mais instabilidade.
Donald Trump tentou apresentar o uso da força como caminho para a paz. Mas impor a paz com mísseis não é paz — é medo. E o medo nunca foi uma base sólida para se chegar a qualquer tipo de entendimento. Extremismos não se combatem com mais extremismos.
Preocupa-me, como jovem europeu e militante socialista, ver líderes da NATO a elogiar um homem que já demonstrou autoritarismo, imprevisibilidade e desrespeito pelas instituições democráticas. Esses elogios não tranquilizam — legitimam.
Portugal, como os restantes aliados, comprometeu-se a investir até 5% do PIB em Defesa até 2035. Reconheço a importância da segurança e da preparação militar. Mas rejeito que a força seja a primeira — ou a única — resposta para resolver conflitos.
Lembro-me que o Winston Churchill, em 1938, quando quase ninguém o queria ouvir, disse:
“An appeaser is one who feeds a crocodile—hoping it will eat him last.” (“Um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo — na esperança de que ele o coma por último”.) Churchill
Enquanto outros preferiam o conforto do silêncio, ele avisava que o apaziguamento só daria mais tempo ao perigo para crescer. Tinha razão. Hoje, o dilema é diferente, mas o risco é semelhante: confundir contenção com cobardia — ou força com liderança.
A verdadeira liderança não se mede pela quantidade de armas, mas sim pela coragem de manter acesa a chama da diplomacia — sobretudo em tempos de incerteza, quando os dias parecem mais negros do que claros.
A paz não é um dado adquirido. É uma construção. E ou fazemos parte dela — ou seremos cúmplices do silêncio.
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