05/12/2025, 10:41 h
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Educação Opinião ROSÁRIO ROCHA
EDUCAÇÃO
Por Rosário Rocha (Professora do AE Frazão)
Competição nas escolas
A competição existe em todos os setores, começando na família, prolonga-se nas escolas e verifica-se na sociedade em geral.
Um exemplo prático é nas notas dos alunos, quando os pais perguntam imediatamente: e que nota teve “fulano”? Ou quando as pautas saem e os pais imediatamente escrutinam os colegas da turma a ver quem teve mais “5” do que o filho. Até o podem fazer, mas depois vêm as comparações.
E aí temos muitas vezes duas explicações: “aquele aluno é o preferido dos professores” ou “com as condições que tem não admira nada que tenha essas notas”. E isto é dito muitas vezes aos miúdos, quase pondo em segundo plano os resultados dos filhos em relação aos outros.
Saindo da esfera dos alunos e entrando na esfera dos adultos nas escolas... Acontece também na avaliação dos professores, que é agravada pelo facto de haver quotas e poucos poderem ficar na nota máxima.
O pior período que se vive nas escolas, no que ao ambiente entre professores diz respeito, é na altura da avaliação docente. Infelizmente as avaliações não surgem em pauta, a lei torna-as sigilosas, o que ajuda a que os cochichos ganhem outro enfase. E é nessa altura que todos segredam e tentam descobrir, (até porque há sempre alguém que conta), quem foram os privilegiados. E as explicações também surgem, tal como no caso dos alunos…
Mas a competição também existe na organização das escolas. Existe quando se pensa e diz: “a minha escola tem que ser a melhor”; “ a minha escola é a que faz melhor”; “a minha escola passou a perna àquela”…
O que quero dizer claramente é que frequentemente acentuamos e acusamos, enquanto profissionais da educação, as famílias pelo fomento da competição, mas depois fazemo-lo exatamente na nossa esfera profissional.

Superação versus competição
Pessoalmente considero que deve ser incentivada e valorizada a capacidade de superação. Nem todos temos as mesmas capacidades, nem apetências.
No que às notas escolares diz respeito, considero que tanto famílias como Escola devem valorizar a evolução e a superação de dificuldades.
Devemos fomentar os nossos alunos a dar o seu melhor e devemos valorizá-lo. Devemos valorizar ainda mais um “3” ou um “suficiente” num aluno que trabalhou muito para o conseguir do que um “5” ou “muito bom” num aluno que intrinsecamente e sem grande esforço alcançou esse resultado. Contudo, não devemos desvalorizar quem tem bons resultados.
Quando há o reconhecimento do mérito escolar, cumprindo o que a lei determina, sente-se também um mau estar entre alunos e famílias.
Não quer dizer que uns são a “nata” da sociedade e outros “a ralé”. Mas quer dizer que temos que valorizar quem tem bons resultados. Nem todos somos bons em tudo! Contudo, devemos valorizar sempre o empenho e a capacidade de superação.
O mesmo se passa em relação às escolas: umas são mais eficazes numas ações, outras noutras; não devemos viver para competir, mas procurar melhorar no que podemos melhorar, seguindo muitas vezes o exemplo de boas práticas.
O que acho fundamental é que cada um procure otimizar as suas valências, as suas características; valorizar o que cada um tem de bom e onde pode crescer de forma natural.
Sinceramente, penso que devemos desenvolver nas nossas crianças (e nos nossos adultos) a ideia de que cada um deve empenhar-se para dar o seu melhor (ainda que não seja tão bom como o outo), e que cada um aja de encontro ao que considere ser útil e fundamental.
Colaboração
Mais do que a competição, deve-se desenvolver a colaboração. Na sociedade cada um tem o seu papel. Pegando no exemplo das escolas, as assistentes operacionais têm um papel fundamental, tal como os docentes. Contudo um não substituiu o outro, complementam-se mediante as suas funções.
Assim é nas restantes instituições, onde várias categorias coabitam, mas apenas colaborando para o mesmo objetivo, permitem que o todo funcione bem.
E é isso que devemos incentivar desde cedo: à colaboração e não à competição. A que cada um reconheça que não somos bons em tudo, mas que temos que dar e aproveitar o melhor de cada um. Mas também devemos ensinar a aceitar que há pessoas que são melhores do que nós nalgumas coisas, e pelo facto de o serem não se deve criar um sentimento de inveja, mas de reconhecimento.
Em suma, esta é a teoria, mas na prática é difícil que funcione. Sempre assim foi!
Mas todos sabemos que cada vez mais é difícil trabalhar em equipa e isso quer dizer que temos que reforçar as estratégias, desde cedo procurando que haja uma melhoria nas competências de superação e colaboração, pois instituições e profissões coletivas bem articuladas são necessárias.
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