Quem leu a TORA (escrituras judaicas) e a BÍBLIA (escrituras cristãs), encontra nestes dois livros algo em comum: a História, cheia de estórias, do Antigo Testamento.
Na verdade, ambos falam do mesmo.
Eu tenho estes dois Livros, mas não os li. Apenas consultei. Estes Livros não se leem: consultam-se.
Consultei algumas estórias do Cap. do Génesis, do Êxodo e do Juízes… Não é bem por acaso que quando nos referimos à Religião Cristã lhe sobrepomos a Religião Judaica e assim é frequente dizermos: Religião Judaico/Cristã.
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Com efeito, Cristo era judeu. Descendente de um rei judeu, David. Professou a Religião Judaica, até que se “revoltou” e criou a “seita cristã” ou “Cristianismo”.
Cristo foi, pois, um “judeu revolucionário”, porque farto de tantas guerras; tantos conflitos, mesmo entre os judeus; tantos ódios; tantos rancores; invejas; cobiças e ciúmes, decidiu criar a “Seita do Amor”.
Pretendia que todos os homens e mulheres, judeus ou gentios (pagãos, bárbaros, selvagens), deviam amar-se uns aos outros e a Deus, do fundo dos seus corações, quebrando, assim, muitas das rigorosas leis judaicas. Para isso fez-se rodear por doze discípulos, escolhidos entre as pessoas mais modestas do seu tempo (pescadores, camponeses e empregados humildes).
Após a traição a Jesus por parte de Judas Iscariotes, um dos discípulos, o grupo diminuiu para onze. Mais tarde juntou-se-lhe Paulo e os doze homens tornaram-se conhecidos por “apóstolos”, que quer dizer evangelizadores ou pregadores.
Cristo nasceu pobre, em Belém, tão pobre, tão pobre que por falta de hospedaria teria nascido numa gruta; viveu pobre, em Nazaré; e morreu pobre em Jerusalém.
Morreu tão pobre, tão pobre que foi preciso um amigo seu, Nicodemos, ter pedido a um fariseu, José de Arimateia, que lhe emprestasse o sepulcro.
Lembro que os fariseus eram inimigos de Cristo, homens falsos e impertinentes. Só procuravam Jesus para ver se o apanhavam nalgum erro ou mentira.
O que é que distingue o Judaísmo do Cristianismo? Para estes, Cristo é o verdadeiro Messias, enviado por Deus; enquanto que para os Judaístas, a profecia de Deus ainda não se cumpriu, porque o verdadeiro Messias ainda não chegou.
Quatro coisas enfureceram os judeus:
1 - os milagres de Cristo, feitos durante o sabbath (período em que os Judeus não devem executar tarefa alguma);
2 - sentou-se para comer ao lado de não judeus;
3 - defendeu os que eram expulsos pelos judeus por terem desobedecido às leis;
4 - pregou a tolerância perante o pecado e o perdão aos inimigos.
As suas ideias “revolucionárias” assustaram os líderes judeus, que o denunciaram aos ocupantes romanos, e Jesus foi preso, julgado e condenado à morte por crucificação.
Segundo os Evangelhos, três dias depois de morrer ressurgiu dos mortos e apareceu aos seus discípulos. A isto se deu o nome de “Ressurreição”.
O Cristianismo surge, como é óbvio, da palavra Cristo, que significa “o ungido” (aquele que recebeu a unção, santa-unção, ou seja, os santos óleos).
Os Apóstolos começaram a ensinar a sua nova religião em todo o Império Romano. No início, os Cristãos, que tentaram ensinar a sua fé a outras pessoas, eram perseguidos e até condenados à morte.
Muito mais tarde, Sec. IV, mais precisamente no ano 313, o Imperador Constantino converteu-se e fez do Cristianismo a religião oficial do Império Romano.
Ora como este Império ocupava toda a Europa, grande parte da Ásia e norte de África, fácil foi aos missionários espalhar as novas da sua religião.
O Imperador convocou uma reunião de líderes da Igreja para discutirem a sua organização oficial. Nomearam um chefe da Igreja, a que deram o nome de Papa, fundaram a sua sede em Roma e redigiram uma declaração de fé, o Credo.
E foi assim que o Cristianismo se expandiu e em poucos anos ultrapassou o Judaísmo. Ainda hoje são as duas maiores religiões monoteístas do mundo.
Voltarei e este tema, mais tarde, para falar da cisão formal da Igreja em duas partes. No Ocidente, a Igreja Católica, chefiada pelo Papa, em Roma. E a Igreja Ortodoxa Oriental, liderada por um Patriarca, com sede na cidade de Constantinopla. Ambas continuam ainda hoje a praticar o seu próprio ramo do Cristianismo.
Manuel Maia
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