08/10/2023, 0:00 h
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OPINIÃO
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Aí por meados dos anos 60, estava eu internado no Colégio dos Carvalhos quando o colega, Henrique Ramalho, um místico de sete costados - entre os 13 e os 17 anos, todos somos… - me ofereceu SIDDHARTHA, um livro escrito por Hermann Hesse, Prémio Nobel da Literatura/1946. Li-o de fio a pavio, num abrir e fechar de olhos. Muito interessante, este “poema indiano”!
Hoje, para falar de BUDISMO, tornou-se inevitável reler esse livro. É, pois, um resumo dessas 150 páginas que vou tentar sintetizar numa só folha.
Siddhartha Gotama fundou o Budismo no Século VI, a. C. Vivia no Nepal, norte da Índia. Era filho de um brâmane (membro da primeira casta sacerdotal hindu). E era aquilo, a que chamaríamos hoje, tendo em conta as suas qualidades intelectuais, um “príncipe perfeito”.
Sendo “príncipe”, viveu uma vida de grande luxo. Mas um dia saiu à rua, quis conhecer mundos, e, no espaço de um dia viu um homem velho, um homem doente e um homem morto. Coisas inimagináveis, para quem vivia longe desta miséria humana.
Tal facto perturbou-o; deixou a sua família e o seu “palácio” para pensar em todo o sofrimento da humanidade.
Durante algum tempo viveu numa pobreza extrema, mas a fome e o frio tornaram-lhe difícil pensar, pelo que decidiu que as pessoas deviam levar uma vida pautada pelo meio-termo: sem luxos e sem privações.
Muitos acreditaram nesta sua teoria e seguiram-no, passando a ser conhecido por Buda que significa o Iluminado.
Viajou pelo País ensinando ao povo como pôr fim ao sofrimento e descobrir a luz através das Quatro Nobres Verdades.
Ei-las: 1 – Todas as formas de Vida estão sujeitas ao sofrimento; 2 – Sofrimento e renascimento são causados pelo desejo, ou pela paixão; 3 – O fim do sofrimento chega quando cessa o desejo; 4 – O fim do desejo é alcançado se se seguir o Nobre Óctuplo Caminho.
E que caminho é esse? A Crença certa; o Objectivo certo; o Discurso certo; a Conduta certa; a Ocupação certa; o Esforço certo; o Pensamento certo; e a Concentração certa.
Buda acreditava que todos deviam buscar arduamente a Sabedoria e a Moralidade através da Meditação.
Dizia que, se as pessoas seguissem esse Caminho libertariam as suas mentes do mal, da crueldade, do erro, do ódio e das suas paixões.
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Eu penso que o Budismo é mais uma Filosofia de Vida do que propriamente uma Religião. Uma forma de vida que permite aos seus seguidores crerem noutras religiões estruturadas (estrutura ou organização que falta ao Budismo, enquanto religião).
Um praticante do budismo deve ter uma boa conduta moral; fazer peregrinações a lugares sagrados e celebrar os dias santos e as festividades de qualquer religião.
Portanto, repito, a um budista nada o impede de praticar outras religiões. O ideal budista é conduzir o fiel ao Nirvana (Céu), ou aniquilamento supremo.
Em resumo, como se pode ler na contra-capa do livro supra-citado: “Siddhartha filho de um brâmane, cedo se destacou pela sua inteligência, a ponto de familiares e amigos lhe augurarem um futuro brilhante.
Ele, no entanto, temendo pela salvação, parte, acompanhado pelo amigo Govinda ao encontro da paz espiritual.
Neste deambular, cruza-se com a bela Kamala, com quem se “entrega à vida dos sentidos” até ao momento de buscar na cidade, a experiência “indispensável à paz” e “unidade do universo”.
O Budismo divide-se por várias seitas. Umas dedicadas mais à meditação e outras preocupadas em ajudar a humanidade. Conta com mais de 600 milhões de fiéis.
Há cinco anos visitei Tailândia. Em oito dias percorri grande parte do território. Impressionou-me o nº de templos budistas. Mais de 20 mil. E cada um, uma verdadeira obra de arte.
Aqui, num cantinho deste reino, pensei no meu amigo H. Ramalho: estaria na Índia?! Vestido, como? De pé rapado ou alpercatas? Cabeça rapada?
Não sei! Só sei que este amigo era, aos 16 anos, um fervoroso adepto desta “estranha forma de vida”.
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