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Gazeta Paços de Ferreira

16/11/2025, 0:00 h

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O corpo lembra o que a mente esquece: o poder de enraizar

Opinião Saúde

OPINIÃO

Portugal vive uma crise silenciosa de saúde mental.

Por Diana Pinto (Terapias Integrativas e Complementares)

 

Mais de metade dos estudantes universitários apresentam sintomas de burnout e cerca de 40% recorrem a psicotrópicos.

 

Nos adolescentes, aumentam os casos de tristeza persistente, e entre os idosos a solidão continua a ser um dos maiores fatores de risco de depressão.

 

Apesar do Plano Nacional para a Saúde Mental 2023–2030, o relatório da OCDE aponta falta de profissionais e desigualdades regionais. O sofrimento cresce mais depressa do que as respostas públicas.

 

Perante a lentidão das políticas, muitos portugueses procuram estratégias complementares de bem-estar.

 

Estudos da Universidade do Minho (2025) e da Universidade de Lisboa (2024) mostram que quem passa tempo em espaços verdes apresenta menos stress e melhor humor.

 

“O corpo reconhece o natural como refúgio”, explica o investigador Miguel Roriz. “O contato com o ar puro e a terra reduz o cortisol, a hormona do stress.”

 

A OMS* reconhece desde 2019 o valor das terapias integrativas e complementares — como meditação, mindfulness, yoga, acupuntura ou reiki — no apoio à saúde mental.

 

Segundo a DGS** (2023), estas práticas, quando integradas em programas clínicos, podem reduzir ansiedade e depressão e aumentar o bem-estar geral.

 

Uma das abordagens mais simples é o enraizamento (grounding)***: caminhar descalço, respirar conscientemente ou meditar em contato com a terra.

 

“O corpo é o primeiro espaço de segurança”, diz a psicóloga Ana Gonçalves.

 

“Quando nos ligamos à terra, o sistema nervoso desacelera e libertamos tensão acumulada.”

 

A neurociência confirma: o grounding ativa o sistema parassimpático, promovendo calma e equilíbrio.

 

Não é esoterismo — é biologia aplicada ao bem-estar.

 

Num país com clima ameno e vastas áreas verdes, a natureza pode ser uma aliada da saúde pública.

 

Hortas urbanas, caminhadas conscientes e programas de meditação e mindfulness mostram que a cura também pode acontecer ao ar livre.

 

“A natureza não é apenas cenário — é remédio.”

 

Talvez a verdadeira revolução da saúde mental em Portugal comece debaixo dos nossos pés.

 

  * OMS – Organização Mundial de Saúde
** DGS – Direção-Geral Saúde
*** https://dianapinto.pt/enraizamento/

 

 

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