21/12/2025, 11:12 h
11
Opinião Juventude Social Democrata
OPINIÃO
Por Miguel Moreira (Presidente da JSD Paços de Ferreira)
Estima-se que Portugal desperdice cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos por ano, o que corresponde a aproximadamente 17% de todos os alimentos produzidos. Segundo dados da Comissão Europeia e da PORDATA, cada português desperdiça, em média, 184 kg de alimentos por ano, estando grande parte desse desperdício oriundo no seio familiar.
Para além do impacto ético, este fenómeno tem custos económicos relevantes, que rondam os 3 mil milhões de euros anuais e com consequências ambientais graves, contribuindo para emissões de gases com efeito de estufa e uso ineficiente de recursos, como água e energia. Num país onde persistem situações de insegurança alimentar, este paradoxo torna-se particularmente evidente.
Por outro lado, e, paralelamente, Portugal vive uma crise demográfica acentuada. Em 2023, a taxa de fecundidade situou-se em cerca de 1,44 filhos por mulher, muito abaixo do nível de substituição geracional (2,1). O número de nascimentos mantém-se inferior ao de óbitos, resultando num saldo natural negativo contínuo.

As razões são múltiplas: a persistente precariedade laboral, dificuldades no acesso à habitação, adiamento da parentalidade, emigração jovem e insuficiência de políticas de apoio às famílias. Esta tendência ameaça a sustentabilidade do sistema de pensões, do Serviço Nacional de Saúde e da própria coesão.
O cruzamento destes dois temas revela um problema comum, que assenta na incapacidade de planear a longo prazo. Desperdiça-se alimento num país, que envelhece e perde população ativa. E persiste a falta de investimento estrutural nas famílias, enquanto recursos essenciais são usados de forma ineficiente.
Repensar o desperdício alimentar e incentivar a natalidade não são apenas desafios técnicos, mas escolhas políticas e culturais. Um futuro sustentável exige responsabilidade coletiva, justiça intergeracional e uma visão, que valorize, tanto os recursos disponíveis como as pessoas, que garantirão a continuidade da sociedade portuguesa.
Isto não são “coisas de cachopos”, isto é preocupação com o futuro que é nosso, mas também dos nossos irmãos, filhos e netos.”
ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA
Opinião
21/12/2025
Opinião
21/12/2025
Opinião
21/12/2025
Opinião
21/12/2025