Por
Gazeta Paços de Ferreira

23/10/2025, 9:56 h

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O Direito à Habitação (II)

Editorial Opinião Álvaro Neto

EDITORIAL

Publicado na edição impressa n.º 2653 de 23/10/2025 da Gazeta de Paços de Ferreira.

Por Álvaro Neto (Diretor da Gazeta de Paços de Ferreira)

 

Os preços das casas têm sido muito elevados relativamente aos rendimentos da população.

 

Em Portugal a diferença entre os preços da habitação e os rendimentos aumentou substancialmente durante a última década, conseguindo a “proeza” de suplantar neste domínio todos os países da EU.

 

Os especialistas explicam-nos que tudo começou com a política monetária do BCE, adoptada a partir de 2012 – taxas de juro muito baixas, sendo mesmo negativas- o que levou os “investidores” a virarem-se para o imobiliário, passando, então, os prédios à categoria de “ativos”.

 

No caso português, o peso do investimento em imobiliário no stock de investimento directo  estrangeiro passou de 8,6% em 2008 para 17,2% em 2023.

 

Acontece que também por esse período se verificou o crescimento do turismo estrangeiro, aumentando a procura de alojamento.

 

 

 

 

Entre 2012 e 2023 o número de dormidas em alojamento turístico aumentou 34% no conjunto da EU, mas duplicou em Portugal (de 29 para 57 milhões, segundo o Eurostat)

 

Os “ativos” rentabilizavam-se, justificavam mais investimento que abriam as portas a mais turismo.

 

E assim, o crescimento do turismo e a passagem da habitação para um “activo” preferencial dos “investidores” criou um círculo de “alimentação mútua”: mais casas – mais turismo – mais investimento.

 

Portugal começa a ser procurado por famílias estrangeiras abastadas, que procuram passar aqui o resto das suas vidas e pelos “nómadas digitais”.

 

Constroem-se prédios novos para satisfazer as necessidades turísticas, mas também se lança mão de prédios habitados, expulsando os habitantes dos centros das cidades para as periferias, para a construção de hotéis ou/e do chamado “alojamento local”

 

Durante a década passada, os sucessivos governos não foram muito sensíveis para resolver as consequências deste problema, já que desregularam as rendas, promoveram incentivos fiscais ao investimento imobiliário e aos nómadas digitais, não controlaram o alojamento local e construíram um número muito limitado de habitação pública.

 

(Foram agravando os problemas)

 

 

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