06/10/2024, 0:00 h
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Novos Tempos
OPINIÃO
Assinala-se a 27 de setembro, o Dia Mundial do Turismo. A este propósito, a Santa Sé através do Dicastério para a Evangelização emitiu uma mensagem intitulada «Turismo e Paz», associando-se à Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas, na comemoração da data.
Viajar, peregrinar, fazer turismo aumenta o nosso conhecimento e dá-nos a oportunidade de contactar com novos povos e culturas, aprofundar a nossa cosmovisão e levar-nos a crescer na tolerância e no respeito pelos outros povos, culturas e tradições. Tudo isto pode ajudar a alicerçar a paz como um valor fundamental nos nossos corações.
O turismo pode trazer riqueza, e traz com certeza, às comunidades que guardam e preservam a cultura e as riquezas do passado, mas também as maravilhas do mundo natural.
Contudo, vemos que o turismo massivo, descontrolado, que tem apenas o intuito de ir a um local porque todos lá vão e porque está na moda, pode criar sérios problemas às comunidades residentes e até à qualidade dos espaços e dos ambientes.
A popularização das viagens de baixo custo, de companhias aéreas low cost, transportam enormes massas humanas para locais que podem ser completamente descaracterizados e até destruídos por um desejo de usufruto equivalente a querer ver tudo num parque de diversões ou a querer provar tudo o que está na mesa de um banquete.
Em Portugal e na Europa, este turismo desenfreado, desregulado e até agressivo tem inflacionado os preços dos alojamentos e das habitações; retirado os moradores dos lugares históricos para as periferias; destruído o comércio tradicional, dando lugar a lojas de recordações e esplanadas.
Por isso, em algumas cidades europeias já se limita o número de visitantes a determinados monumentos e locais. Aumentam-se taxas turísticas e em casos extremos até já há sinais de intolerância para com os turistas e visitantes, com atos de repúdio e manifestações.
O turismo é um importante sector da economia, mas tem de se pautar por razões éticas, desde as condições dos trabalhadores (pagando salários justos e possibilitando horários compatíveis com a vida familiar); a preservação ambiental, e passando à justa distribuição da riqueza com as comunidades que ao longo de séculos ou milénios criaram os espaços e monumentos, ou que souberam, sabiamente, preservar as paisagens, a fauna e a flora.
O turismo pode trazer a paz, pois conhecer as diferenças, aquilo que é belo, pode ajudar a combater os estereótipos e os preconceitos, mas também pode resvalar para o conflito se os interesses económicos substituírem as pessoas e o seu direito a viver em paz e tranquilidade na terra que os viu nascer e onde construíram as suas vidas.
O turismo é muito importante, mas as pessoas são-no muito mais…
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