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Gazeta Paços de Ferreira

20/04/2024, 0:00 h

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POLITICANDO – (IV)

Manuel Maia Opinião

OPINIÃO

Rafael Bordalo Pinheiro, caricaturista de grande imaginação e sentido de humor, desenhou uma porca, deitada, com uma série de bacorinhos a mamar. A porca representava o Estado e os bacorinhos representavam os políticos. Não há melhor ilustração do que esta, nem outra forma de explicar o que se passa neste campo de acção.

Por Manuel Maia

OPINIÃO

 

 

O nosso Município há uns anos atrás, mais de uma década, era um verdadeiro sorvedouro de dinheiro a pontos de ser considerado um dos mais endividados do país. Notícia dos jornais. Por isso eu referi que ele estava na “banca rota”. Claro que ao escrever banca rota desta forma, ou seja, separadamente, usei uma figura linguística que em termos gramaticais se designa por metáfora. Forma de brincar com as palavras, ou melhor, com as ideias que as palavras sugerem. Na verdade, não é “banca rota” que se deve escrever, mas sim bancarrota. É evidente que tive o cuidado de escrever a primeira forma entre aspas, dando a entender isso mesmo: jogo de palavras.

 

 

Ora, compete-me, neste artigo, explicar melhor a ideia que tive ao escrever “banca rota”. Nessa ideia estava patente um “buraco sem fundo”. Albert Einstein, físico alemão de origem judaica, naturalizado americano, chamar-lhe-ia, metaforicamente falando, “buraco negro”. Não vou, não quero, não estou à altura, numa palavra não sei explicar muito bem esta teoria de Einstein, até porque ela é uma mistura de teorias. Poucos saberão explicar. Importa apenas dizer que o “buraco negro” é uma região do espaço, com mais de 100 mil milhões de kms, medindo três vezes mais o tamanho do nosso sistema solar. Aqui, neste “buraco negro”, o campo gravitacional é tão intenso que nada lhe pode escapar. Absorve tudo, nem a energia solar lhe escapa. Perceberam alguma coisa? Eu também não! Mas serve esta comparação mental para, alegadamente, insinuar que estivemos prestes a entrar no “buraco negro”, “cano de esgoto” ou “beco sem saída”.

 

 

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Falei nisto para, repito, alegadamente chegar à voragem dos nossos políticos pelo dinheiro. É impressionante! E não é só de agora! Infelizmente é um fenómeno universal e intemporal que vem lá do fundo dos tempos desde que o mundo é mundo, o homem é homem e os bens comuns se privatizaram (caso do Salão Paroquial de Seroa. Se eu estiver errado venham aqui, desmentir) O pior é que não se vislumbra no horizonte forma de se pôr cobro a isto! Esta maleita política, não é um mal restrito aos políticos do nosso Concelho. Ele é um mal nacional, europeu, mundial, universal… O problema, o nosso problema, é que vivemos numa pequena “cidade provinciana”. Logo, o fenómeno da corrupção torna-se mais evidente. Quanto mais pequena, mais exposta. E numa aldeia onde ainda há muita gente a sofrer de iliteracia é fértil o campo de exploração por parte de alguns políticos e detentores dos tais bens-comuns (iliteracia não quer dizer, fatalmente, analfabetismo, mas sim falta de compreensão no que lhes é dado ler ou ver. Eu próprio sofro disso, em relação ao caso supracitado).

 

 

Rafael Bordalo Pinheiro, caricaturista de grande imaginação e sentido de humor, desenhou uma porca, deitada, com uma série de bacorinhos a mamar. A porca representava o Estado e os bacorinhos representavam os políticos. Não há melhor ilustração do que esta, nem outra forma de explicar o que se passa neste campo de acção. O próprio Mário Soares se referiu, vezes sem conta, à “porca da política”. Zeca Afonso chamava aos políticos sanguessugas. Eu, no meu livro A VOZ DO MEU PENSAMENTO, não deixo de referir que os políticos o melhor que sabem fazer é “fecundar” a porca, que é como quem diz, o Estado. Ora quem sofre com isso, citando novamente Bordalo Pinheiro, somos todos nós: o “Zé Povinho”.

 

 

 

 

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