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Gazeta Paços de Ferreira

21/04/2024, 0:00 h

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POLITICANDO – (V)

Manuel Maia Opinião

OPINIÃO

Eu que já não vou para novo, no dia 31 de março, Domingo de Páscoa, num café, dei de caras com o Jornal de Notícias. Como estava sem óculos, apenas li as “gordas”. E o que é que li na primeira página? Li que D. Manuel Linda, Bispo da Diocese do Porto, numa entrevista a esse jornal disse: “A Igreja tem de se meter na política”.

Por Manuel Maia

OPINIÃO

 

 

Confesso que fiquei chocado. Dito assim desta forma, pensei: este senhor está a misturar alhos com bugalhos. E não descansei enquanto não li a notícia na íntegra com olhos de aceso brilho, pronto para o criticar da forma mais contundente. Li. E logo, nessa primeira página, relaxei. Porque o Sr. Bispo salientava o papel da Igreja na defesa dos direitos humanos e na luta contra a corrupção. Não vou dissecar o resto da notícia/entrevista que se estende ao longo de 3 páginas. Mas não posso deixar de criticar as jornalistas ou quem teve a infeliz ideia das parangonas do título. Não vale tudo, só para vender mais! Não se pode, nem deve, descontextualizar uma frase, que embora tenha, realmente, sido proferida, foi-o na sequência de uma pergunta. Eis a pergunta: “Disse não querer meter-se na política, mas que intervenção deve ter a Igreja face ao crescimento de partidos extremistas? E, eis a resposta: “A Igreja tem de se meter na política. Não pelos seus bispos, nem pelos seus padres porque isto seria andar para trás dezenas ou centenas de anos, mas tem de se meter pelos seus cristãos. E são eles que vão formar uma mentalidade de acordo com o Evangelho. Não no sentido religioso, em impor uma religião, mas no sentido do vigor dos direitos humanos, na luta contra a corrupção…”

 

 

Há 4 pilares fundamentais, como forma de consolidação, de uma verdadeira democracia. São eles: a Justiça, a Educação, a Segurança e a Liberdade. E, assim sendo, estou perfeitamente de acordo com o Sr. Bispo. Concordo que os cristãos se metam na política em defesa destes valores. Cristãos, sim, bispos e padres, não!

 

 

À Justiça compete julgar, condenando ou absolvendo, os putativos prevaricadores da Lei. E obviamente indemnizar as vítimas. Os cristãos podem e devem colaborar com a equidade judicial.

 

 

A Educação não se resume à instrução, ao ensino, à civilidade, à delicadeza, ao respeito, porque nada disto tem valor se não for posto em prática. Os cristãos podem dar uma ajuda. Mas, sobretudo, devem dar o exemplo. O exemplo não é uma forma de educar, é a única forma de educar!

 

 

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À Segurança compete, não só zelar pelo afastamento de todo e qualquer perigo para os cidadãos, sobretudo os mais fragilizados, mas também conciliar a Justiça com a Liberdade, porque se esta conciliação falhar o ser humano falha em tudo.

 

 

Finalizo, pedindo desculpa ao Sr. Bispo, Dom Manuel Linda, por tê-lo julgado mal, induzido em erro por culpa daquelas parangonas do jornal. E, fazendo minhas as suas palavras, direi que nem os bispos nem os padres se devem meter na política, tal papel pode e deve ser permitido à Igreja, com a estrita função de defender os direitos humanos e de lutar contra a corrupção. Não confundir Igreja com templos, mosteiros, capelas, abadias. A Igreja é o conjunto da comunidade cristã.

 

 

Todo o padre que queira dedicar-se à política deve abandonar o sacerdócio.

 

 

 

 

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