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Gazeta Paços de Ferreira

03/11/2024, 0:00 h

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Quem não é antissionista?

Joaquim Leal Opinião

OPINIÃO

O que não consigo entender é que Israel, em vez de interromper a agressão e procurar uma solução para uma convivência pacífica duradoura, decida, mais uma vez, arrasar habitações, escolas e hospitais, assassinando largos milhares de velhos, de mulheres e de crianças, e que o mundo ocidental se mantenha impávido e sereno, hipocritamente a assistir ao genocídio de um povo.

Por Joaquim António Leal

 

A Palestina tem uma longa história e sempre foi habitada por uma larga maioria de árabes, não de judeus. Israel desapareceu do mapa das nações há dois mil anos, tal como aconteceu, por razões diversas, com muitos outros territórios, e os seus habitantes espalharam-se pelo mundo. A dada altura, num momento em que muitas nações, especialmente colónias de países europeus, reclamavam a sua independência, os judeus começaram a sonhar com um país a que pudessem chamar seu. O problema é que não dispunham de nenhuma terra a que objetivamente fosse legítimo chamar sua, pelo que alguns judeus influentes, que se autointitularam de sionistas, engendraram um plano para se apoderar de terra alheia, enviando regularmente grupos de judeus para a Palestina, de modo a aumentarem o seu poder na região. Nessa sequência, e com o alto patrocínio dos Estados Unidos da América, a 14 de maio de 1948, a ONU dividiu a nação palestina em dois estados, sendo um entregue aos judeus para fundarem Israel. Obviamente, aos palestinianos não agradou o negócio, pois roubou-lhes bens e território, mas de nada lhes valeu manifestar o seu descontentamento.

 

 

 

 

Até então, era pacífica a convivência entre os dois povos, mas rapidamente tudo se transformou. Seguindo a doutrina sionista da expansão, a nobel nação de Israel começou a instalar colunatos em territórios palestinianos, gerando tensões, ódios e guerras, e envolvendo na mesma alguns países vizinhos. E, com o fortíssimo exército israelita apoiado pelos norte-americanos, o território de Israel foi crescendo, enquanto o da Palestina e dos legítimos habitantes da região ia diminuindo, até ficarem todos encurralados num pequeno enclave, a Faixa de Gaza. Como se não bastasse, os israelitas sujeitaram continuadamente os palestinianos a privações desumanas e a humilhações extremas, incluindo o impedimento de se autogovernarem.

 

 

Assim, embora lamente e condene claramente a morte e o sequestro de civis no ataque do Hamas a Israel, não posso deixar de entender que ao Hamas não restavam muito mais alternativas para combater o invasor. O que não consigo entender é que Israel, em vez de interromper a agressão e procurar uma solução para uma convivência pacífica duradoura, decida, mais uma vez, arrasar habitações, escolas e hospitais, assassinando largos milhares de velhos, de mulheres e de crianças, e que o mundo ocidental se mantenha impávido e sereno, hipocritamente a assistir ao genocídio de um povo. Perante tais horrores, não há como não nos declararmos antissionistas.

 

 

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