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Gazeta Paços de Ferreira

30/03/2023, 0:00 h

1915

SC Freamunde, 90 anos de emoções

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FUNDADO A 19 DE MARÇO DE 1933

No início era apenas um sonho. O sonho de ver o talento daquela juventude, que pontapeava uma bola, transformado na arte do futebol dentro das quatro linhas.

 

No início era apenas um sonho. O sonho de ver o talento daquela juventude, que pontapeava uma bola, transformado na arte do futebol dentro das quatro linhas.

Mas para dar forma a este sonho, faltava um campo, que fosse uma espécie de fortaleza. Ninguém baixou os braços, e um Carvalhal floresceu, tornando-se num anfiteatro temido por muitos, e vergado por poucos.

Ali ao lado, da ‘Fábrica Grande’ vieram os primeiros craques que encantaram e espalharam a fama dos onze dos vermelhos, que passaram a azuis, de estrelinha de seis pontas ao peito, a partir 1933.

Forjado na dificuldade, e moldado com o empenho de muitos homens e mulheres, em menos duma década, os seus corações palpitaram de alegria com primeira conquista de renome.

Na época de 41/42, Freamunde viu a majestosa Banda de Freamunde sair às ruas, dando harmonia ao primeiro título da 3ª Divisão Regional.

O mundo vivia em sobressalto, com crueldade da guerra, mas o Freamunde soube manter-se vivo, provando uma das suas maiores virtudes, a resiliência.

E assim, após algumas tentativas, na época 58/59, o SC Freamunde vence a 2ª Divisão Distrital, tornando-se de novo campeão, elevando o seu estatuto de grande clube na região com adeptos um pouco por toda a parte.

Seguiram-se mais alguns anos conturbados, onde sempre faltou muita coisa, mas nunca faltou a coragem, e assim, a vila de Freamunde em 69/70 viveria um momento de euforia sem precedente, com o título de campeão da 1ª Divisão Distrital, ganhando o passaporte para o campeonato nacional da terceira divisão.

 

Manteve-se pelo nacional, onde brigou valentemente entre os primeiros, sem conseguir a promoção de divisão, e com os eternos problemas financeiros, acabaria por regressar ao distrital no início da década de 80.

Nessa altura a muralha do Carvalhal, atingia o meio século de actividade, e apesar de tantas alegrias ter proporcionado aos Freamundenses, chegava a hora de reformular a casa e pensar num novo recinto.

Alheios a todos os problemas fora do pelado, na época de 82/83, o SC Freamunde erguia-se de novo do distrital, e torna-se campeão mais uma vez, e a festa… sempre a festa, que nenhum outro povo sabe fazer… voltou à antiga praça, no mesmo ano em que o emblema azul e branco de Freamunde cumpria o seu cinquentenário!

Embalados pela euforia do novo título, os capões foram à luta no nacional, e em 85/86 conseguiram subir à 2ª Divisão Nacional.

No início dos anos noventa, com o estádio novo, em Matos Pessô, com os promissores escalões de formação, gerando grandes talentos, e o acesso à nova divisão nacional, a 2ª Divisão de Honra, a um passo da Primeira Divisão, augurava-se em Freamunde um futuro risonho!

Contudo, o novo estádio não trouxe a sorte desejada, e assistiu-se a duas descidas, para tristeza de todos. Mas nem tudo eram motivos de tristezas, e os Freamundenses viram com orgulho a primeira chamada dum atleta seu, para representar a selecção nacional ao mais alto nível, na Selecção Sub-20, no Mundial da Austrália em 1993.

A partir daí até hoje, foram muitos os atletas e as atletas, a envergarem as quinas da Seleção Nacional, sendo o mais recente orgulho, ver na equipa nacional feminina a estrear-se num Mundial, atletas formadas no Complexo Desportivo do SC Freamunde.

A história continuou, e em 93/94, o Freamunde foi promovido de novo à 2ªDivisão Nacional, mas voltaria a cair, para em 97/98 vencer o campeonato da 3ª Divisão Nacional, colocando na prateleira mais um importante título.

No ano seguinte, volta a subir de divisão, para o segundo escalão nacional, e só não colocou nova taça na prateleira, porque o Vilafranquense opôs-se com categoria.

Com o novo século, o Freamunde afirmou-se como um clube do segundo escalão em Portugal, e alcança também um forte estatuto de clube formador, colocando de forma inédita, todos os seus escalões de formação nas primeiras divisões nacionais.

Mas em Freamunde a vida nunca foi fácil, e os problemas financeiros e os impasses directivos, fizeram o clube cair algumas vezes, mas o esforço de quem nunca se resigna, fez o Freamunde arrecadar mais um título nacional em 2006/7, e quando voltou a cair em 2012, para um recém Campeonato Nacional de Seniores, quis a coragem dalguns homens, devolvê-lo ao seu lugar, e tornar-se em Viseu, no primeiro campeão nacional desta nova divisão!

Mas se a festa foi rija e longa, fazendo lembrar as Sebastianas, o futuro do Freamunde, dos casos raros de um clube duma cidade que não é sede de concelho, de distrito ou da capital, era muito cinzento, e o dia seguinte levou a decisões difíceis.

Sem solidez financeiras, e sem apoios, o Freamunde em dezembro de 2014, era líder da Segunda Liga, e tornou-se um prato apetecível para os investidores, a nova ordem do futebol deste século.

Entre a espada… e outra espada, os associados alienaram os destinos do clube aos investidores argentinos, criando-se a SAD.

Durante os primeiros anos, os Freamundenses sonharam de olhos bem abertos com a Primeira Liga, mas falhado o objectivo de subida, o Freamunde acabaria abandonado pelos investidores, e viu-se cair numa espirar de decadência e peripécias com outros investidores, que levaram o clube aos distritais em 2018.

Hoje, o Freamunde vive dias de extrema dificuldade, e chegado aos noventas anos, o tempo para além de festejos, é de decisões.

O SC Freamunde viveu ao longo da sua história em constante crise e em constante superação. Levantou-se mais vezes, do que aquelas que caiu. Ontem como hoje, nas crises o Freamunde contou e contará sempre com poucos, porque a força dum sonho, por vezes apenas necessita duma única pessoa!

Hoje, não citei um único nome, e fi-lo de propósito, não porque não os saiba, não porque seja ingrato, mas porque neste noventa anos, os Freamundense devem orgulhar-se e pensar no SC Freamunde.

E necessário devolver, a esta importante agremiação da região, a sua importância devida, é necessário que retomemos o sonho, porque no início era apenas um sonho… o sonho de ver o talento daquela juventude, que pontapeava uma bola, transformado na arte do futebol dentro das quatro linhas!

E o sonho continua vivo! Parabéns Sport Clube Freamunde, parabéns a todos os homens e mulheres que trouxeram o sonho desde a raiz até hoje!

Ricardo Neto, sócio nº 211

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