22/09/2024, 0:00 h
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(interrompo, por ora, COISAS DA ARCA DO VELHO, mas voltarei…)
OPINIÃO
Invoquei todas as musas, recorri à minha mais elevada inspiração, supliquei ao meu supremo estro para que me ajudassem a escrever este texto. Ninguém me respondeu. Estou só. Apenas eu e o meu “fiel secretário”: esta folha de papel em branco. Papel que não me diz “como”, apenas “o quê”. Não me responde, ordena: “ESCREVE!”. Vou, pois, tentar ser o mais claro, preciso e conciso no que tiver a dizer: escrevendo.
Disse, em tempos, que Seroa para mim não é uma simples Terra, mas sim, um “Profundo Sentimento”! Logo, tudo o que se passa em Seroa mexe comigo. No dia 21/7/2024 um grande evento despertou os Seroenses. Refiro-me à ampliação do Parque de Lazer, com a inauguração de uma estátua, em chapa de ferro, homenageando o Prof. Arménio d’Assunção Pereira. Nutro por este Sr. um duplo e antagónico sentimento. Um paradoxismo…
O primeiro é, sem dúvida, um sentimento de muita gratidão, por ele ter tido a delicadeza de me convidar, por escrito, para fazer parte do seu executivo camarário.
Convite, aliás, que já me havia sido feito pelo Dr. Fernando de Vasconcelos, aquando da formação concelhia do então designado PPD.
Fiz parte, juntamente com o Sr. Mateus Ferreira que, por seu turno, convidou o meu cunhado, Albertino Alves Ferreira, e este, por sua vez, me convidou, para estarmos presentes na formação do Partido.
Estas reuniões (assisti a duas) aconteceram em casa do Dr. Fernando, em Freamunde.
Estávamos em 1975; no designado “Verão quente de 75”. Tempo das “amplas liberdades”, em que o principal slogan era: “É PROIBIDO PROIBIR”.
Anarquismo, puro e duro. Nesse tempo, o COPCON, à frente do qual se encontrava Otelo Saraiva de Carvalho, era quem dominava o país.
As primeiras reuniões “democráticas”, para a criação do PPD, e outros partidos, foram realizadas a medo, quase na clandestinidade, pois como se devem lembrar, Otelo fazia estrebuchar suas ameaças desde 25/abril/74, advertindo que meteria no Campo Pequeno e “passaria a pente fino”, todos os que fossem contrários às suas “ideias revolucionárias”.
Apesar do apreço que eu sentia pela Ala Liberal (Francisco Sã Carneiro, Magalhães Mota, Ferreira do Amaral, Freitas do Amaral, Mota Amaral et al…) que a malta apelidava, romanticamente, de “Ala dos Namorados”; apesar da simpatia que nutria por estes políticos, sinceramente, não me sentia minimamente preparado para desempenhar qualquer missão política, pelo contrário… fazendo minhas as palavras do Sr. General Pires Veloso, sentia que não tinha “categoria” para assumir tão nobre incumbência.
E qual era essa incumbência? Nem mais nem menos a de “trazer jovens para o partido”, ou seja, ser aquilo a que hoje se chama, pomposamente, Presidente da JSD. Ora, eu, acabado de chegar da guerra do Ultramar, tinha lá cabeça para uma coisa dessas! Nem pensar!
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Quem passa dois anos enterrado vivo, no meio do mato, o que mais sente é “fúria de viver”.
Foi neste estado, completamente desvairado, que o Exmº Sr. Dr. Fernando Vasconcelos me encontrou. Fazer parte integrante de um partido é fundamental ter muito ânimo, coragem e pés bem assentes na terra. E eu, na altura, com 24 anos, mal vividos, confesso que não tinha!
Quando o Prof. Arménio me convidou, tinha começado a trabalhar na Cadeia Central do Norte, hoje chamado Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira e entendi que seria trocar um emprego certo por algo incerto, nada bem alicerçado, consolidado.
Ainda consultei o meu amigo e colega Dr. Eugénio Coelho, que me deu uma resposta óbvia: “a decisão é tua”, disse. Declinei o convite, mas este Sentimento de Gratidão, pelo Prof. Arménio, irá comigo para a cova.
Esta é uma coisa. Outra coisa, muito diferente, é o que direi nos próximos artigos.
(O autor escreve sem obedecer ao último Acordão Ortográfico)
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