Por
Gazeta Paços de Ferreira

10/03/2021, 17:22 h

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EQUIPAMENTOS SOCIAIS INSUFICIENTES PARA DAR RESPOSTA À POPULAÇÃO MAIS ENVELHECIDA

Atualidade

A população idosa tem crescido em Portugal pelos fatores intrínsecos ao aumento da esperança média de vida e Paços de Ferreira tem acompanhado essa realidade demográfica.

Segundo dados do Pordata, em 2019 existiam no concelho 8.233 pessoas com 65 ou mais idade, um número substancialmente maior ao verificado em 2001, em que a população da mesma faixa etária se fixava nas 4.522.

Existe, pois, um envelhecimento da população residente no município, sendo o rácio de idosos por cada 100 jovens superior a 100 por cento (por cada 100 jovens há 103 idosos). Ou seja, em 2019 a população até aos 14 anos era de 8.005 residentes, enquanto em 2001 estava nos 11.654.

Constata-se que, em menos de duas décadas, o concelho de Paços de Ferreira passou a ter mais idosos residentes do que jovens.

Existe uma tendência para esta assimetria aumentar nas próximas décadas e, por isso, urge perceber como será a qualidade de vida dos mais idosos. Nesse aspeto, o trabalho das instituições particulares de solidariedade social (IPSS) tem um papel determinante para o equilíbrio motor e mental da população mais idosa.

Por isso, será exposta a realidade do concelho no que diz respeito aos equipamentos existentes nas freguesias e se são suficientes para fazer face a um nicho da população que vai aumentando a cada ano que passa.

PANDEMIA POVOCA INCERTEZAS

Vivem-se tempos de incertezas sobre o impacto que o vírus irá implicar na condução das sociedades.

O desconhecimento sobre como atuar contra a propagação de uma doença altamente contagiosa entre seres humanos fez recuar aos assombrosos tempos de 1918, quando a gripe espanhola deixou marcas irreparáveis e conduziu a um cenário dantesco de óbitos. Estima-se que terão chegado aos 100 milhões de mortos em todo o mundo. Números que, naturalmente, não podem ser comparados com a letalidade atingida pelo surto do novo coronavírus.

Mas quando a ciência demora a dar resposta a uma sociedade cada vez mais acelerada e sedenta de resoluções, terão de ser as opções políticas a assumirem o controlo, através de medidas de apoio aos pilares que sustentam as sociedades: sociais, saúde, educação e economia, embora a ordem de prioridades seja aplicada em função do estado de um país.

Portugal e muitos países, sobretudo europeus e das Américas, adotaram fortes medidas restritivas às populações, com o objetivo de estancarem com todas as forças a propagação de uma doença que se iniciou como uma epidemia, mas rápido se transformou em pandemia.

O descontrolo foi evidente e a única maneira de o combater teria de ser através de uma visão comportamental. Fechar fronteiras, empresas, comércio e manter as pessoas em casa foi o primeiro sinal vermelho demonstrado pelo Governo quando decretou o estado de emergência.

O país estava em estado de sítio e não se sabia o que iria acontecer.

A saúde foi o primeiro pilar a ser salvaguardado e preservado com todas as forças para não cair na teia do colapso.

A população, pelo menos a sua maioria, cumpriu com as medidas, permitindo ao sistema nacional de saúde superar com relativo sucesso a ameaça de rutura dos hospitais pelo aumento exponencial de casos de pessoas infetadas com Covid-19.

PREOCUPAÇÃO COM OS IDOSOS

A taxa de mortalidade atingida neste último ano aumentou em comparação com anos anteriores e grande parte desse aumento de óbitos está associada à letalidade do novo coronavírus.

Os dados estatísticos revelam isso mesmo e colocam as pessoas com a faixa etária mais alta como potenciadores de maior risco de sucumbirem à doença.

Nessa sequência, a vertente social foi o segundo pilar prioritário nas medidas de contingência, desde logo, no sentido de serem precavidas possíveis cadeias de transmissão junto da população mais idosa.

Estas medidas de controlo do risco foram adaptadas nas várias instituições de solidariedade social espalhadas pelo país e, no concelho de Paços de Ferreira, essas ações equivaleram-se às demais.

São várias as IPSS existentes em quase todas as freguesias, sendo que em todas elas existe um foco convergente e preocupante: a falta de capacidade para albergar mais utentes.

Na verdade, os equipamentos para a população idosa disponíveis no município estão a abarrotar e a procura supera largamente a oferta.

Um problema que pode ser interpretado com o aumento da esperança média de vida e do consequente envelhecimento da população.

Estes fatores são comprovados pelos dados estatísticos do INE e deixam a descoberto um problema que as IPSS não conseguem resolver.

A falta de vagas disponíveis nestas instituições sobressaiu com o agravamento do estado do país devido à pandemia.

O afastamento dos familiares da população idosa foi uma das medidas associadas ao pacote das restrições, expondo ainda mais as fragilidades.

Os idosos instalados nas estruturas residenciais mantiveram-se em isolamento, mas sem visitas, enquanto os utentes dos centros de dia e dos centros de convívio deixaram de frequentar as instalações e tiveram de permanecer nas suas residências sem os apoios das respetivas instituições.

Um problema acrescido e que ainda hoje é uma realidade. Só as equipas de apoio domiciliário – que são escassas – permitem atenuar o problema, embora a uma escala pouco relevante.

OS EQUIPAMENTOS

Afinal de que equipamentos estamos a falar?

O concelho de Paços de Ferreira tem várias IPSS espalhadas pelas freguesias para fazer face às necessidades sociais existentes nos seios familiares.

São muitos os agregados sem condições logísticas para terem os mais idosos nas suas residências e é aqui que entram as IPSS.

Recebem a população sénior nos centros de Dia e centros de Convívio para serem criadas dinâmicas de apoio motor e cognitivo, capazes de os manter em constante atividade. São instituições importantes para o equilíbrio da qualidade de vida destes utentes, que assim conseguem ter os seus dias ocupados com as atividades e, o mais importante, sentem a presença das pessoas, deixando para trás o sentimento de solidão, que constantemente ataca ferozmente esta faixa etária.

A chamada ‘nova normalidade’ imposta pela chegada da pandemia alterou temporariamente (espera-se) o cenário comunitário dos centros e dos lares, mas é importante perceber que instituições existem no concelho, quais são as suas valências e, por fim, o número absoluto de ocupação e colaboradores disponíveis.

Existem 12 instituições de solidariedade social espalhadas pelo concelho de Paços de Ferreira. Apesar de serem insuficientes para albergar todos os idosos necessitados destes cuidados, a verdade é que estamos a falar de um universo de 904 pessoas entregues aos cuidados de profissionais, embora aqui estejam incluídos os utentes que recebem apoio domiciliário.

O Centro Social e Paroquial de Freamunde é a instituição que mais idosos tem a seu cuidado, por ser a única do concelho que alberga todas as valências, desde serviços de apoio domiciliário, até uma estrutura residencial para idosos (ERPI).

Aliás, as ERPI são o principal problema detetado no município, pela escassez de oferta. Existem apenas três disponíveis, pois, para além do equipamento em Freamunde (18 utentes), contabiliza-se ainda o Lar André Almeida (35 utentes), também em Freamunde, e a Santa Casa da Misericórdia de Paços de Ferreira, a maior, com 70 utentes em regime residencial.

O Centro Social e Paroquial de Raimonda tem 122 utentes a seu cargo, sendo a segunda maior do concelho. 85 idosos estão nos Centros de Dia e de Convívio, enquanto 39 recebem apoio domiciliário.

A esperança média de vida está a aumentar e a população a envelhecer, sendo esta área social determinante para manter o equilíbrio da qualidade de vida para a terceira idade.

Para perceber melhor como funcionam estas IPSS, a Gazeta esteve à conversa com Filomena Silva, Vereadora responsável pela área social na Câmara Municipal de Paços de Ferreira. A médica de profissão explicou a importância destas entidades para a vida ativa da população idosa e abordou a coordenação entre as instituições e a Câmara Municipal.

A mudança nas rotinas provocada pela pandemia foi um tema obrigatório…

https://youtu.be/XfPmCv-lVUI

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