09/06/2024, 0:00 h
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OPINIÃO
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Estou a imaginar o que pensarão minhas netas quando tiverem idade para “pensar”, isto é, quando tiverem idade para tirar de si reflexões profundas, formando combinações de ideias. Elas, agora, têm 3 e 5 anos. Estou a escrever esta crónica uma semana depois do aniversário da “minha” mais velha. Com estas idades, elas apenas colam pensos sobre as ideias que os mais velhos lhes incutem. Mas daqui por uns anos se por ventura derem uma olhadela à minha última crónica de certeza que formarão o seguinte juízo: “Ui, os jovens do tempo do meu “vuvu”, eram uma cambada de malucos, uns doidos varridos, uns atrasadinhos mentais a roçarem a delinquência…” e eu, se for vivo, dar-lhes-ei toda a razão. Não tenho alternativa! Na verdade, eu, e todos os que andaram comigo na “primária”, chegamos ao fim da primeira classe, com 7 anos, mal sabíamos o nome das letras, quanto mais assinar o nome, como sabe a minha neta mais velha! Faço referência a esta neta, como poderia fazer a qualquer colega da sua turma. Com efeito, aos 4 anos já sabem assinar seus nomes. E sabem, não de uma forma automática, como se realizassem essa assinatura sob o domínio exclusivo do subconsciente, mas porque “aprenderam a saber”. Descobri isto, quando no dia do seu 5º aniversário, estando em família a almoçar num restaurante, sem que alguém lhe solicitasse, ela rapando de um caderno com desenhos e de um conjunto de lápis de cor, começou a pintar e quando acabou assinou sua “obra de arte”.
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Seguidamente começou a soletrar o nome do restaurante. E fê-lo certinho direitinho. Fiquei boquiaberto. Sinto-me um autêntico imbecil quando a vejo discar o número da TV, selecionando o seu filme preferido de desenhos animados. E agora quer que eu à viva força lhe ensine a jogar xadrez!
Bom, deixem-me que vos diga uma coisa: reconhecendo o quão estúpido, tolo, parvo e falho de inteligência fui, no tempo da minha “primária”, procurei dar a melhor instrução escolar aos meus filhos. Assim, não hesitei em colocá-los num dos melhores colégios da cidade. “Grande Colégio Universal do Porto”. Ter dois filhos, em simultâneo, num colégio destes, estando eu em princípios de vida, custou-me os olhos da cara. Implicou muitos sacrifícios e abnegação de certos prazeres. Mas, hoje, confesso, com certo orgulho, que foi o melhor “investimento” que fiz. Ambos estão formados nos cursos superiores que escolheram, sempre com excelentes notas. Um, foi mesmo o aluno mais novo e com a melhor nota do curso. Depois apanhou-lhe o gosto e nunca mais parou de estudar. O outro, aos 23 anos, já trabalhava como engenheiro civil, concluindo o curso, também, como um dos melhores alunos da turma.
Fico contente por saber que minhas netas têm queda para os livros e gosto por aprender. E mais contente ainda por saber que os pais não se poupam a esforços…
Onde é que nesta crónica entra a “Arca do Velho”? Entra naquilo que já referi, ou seja, na estupidez do tempo perdido e nas asneiras praticadas. Por outro lado, penso: é melhor fazer asneiras no tempo certo do que fazê-las já depois de adulto. Como há tantos adultos por aí a fazê-las! Nesta vida há um tempo próprio para tudo!
A propósito permitam-me que vos conte uma pequena história. Quando pensei escrever o livro DELINQÊNCIA, quis dar-lhe um cunho técnico-científico. Para tal procurei especialistas na matéria. Um dos que contactei foi, por sugestão de uma amiga, o neonatalogista do Hospital de Stº António (sei o nome). Declinou meu convite porque nessa altura estava a preparar uma conferência de nível internacional. Quando lhe disse o nome do livro respondeu-me: “Oh, que pena não poder corresponder ao seu convite! É que “delinquente” fui eu, pois tinha fruta a apodrecer no meu quintal e assaltava o quintal do vizinho!”
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