27/10/2024, 0:00 h
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…” a água a mais também mata a planta!” ...
Por José Neto (Doutorado em Ciências do Desporto; Docente Universitário; Investigador)
Num ano de profundas alterações competitivas ao nível da nova metodologia das competições europeias, taça das nações e mundial de clubes, associando os jogos da Liga Portugal, taça da Liga e taça de Portugal, vemos a oportunidade dos jogadores que estejam presentes nestas andanças, realizar jogos de 3 em 3 dias, podendo atingir no final de época mais de 60 jogos … é obra!...
Iniciamos como nota de informação de um especialista: Simon Brudish (2024): “um futebolista não deveria fazer mais do que 42 partidas por época. Um jogador que atinja a final da nova Champions, jogue numa seleção que atinja a “Final Four” da Liga das Nações e seja chamado para o mundial de clubes, para além das competições internas, pode fazer na presente temporada mais de 80 partidas!”...
Sabemos ainda que os jogadores, por vezes limitados pela ausência prolongada em treinos nos clubes de origem, inseridos noutros perfis de exigência técnica, tática, competitiva e emocional, com distintas equipas técnicas e por vezes com diferentes objetivos de conquista, podem ver comprometidas alguma respostas comportamentais, nomeadamente ao nível do espírito de coesão de grupo, que nalguns casos o vapor do êxito propaga e aquece, e noutros casos a marca dom insucesso dissimula e constrange.
Deste modo a tal filosofia do treino para o jogo ou do jogo para o treino, merecer a alta qualificação de liderança por parte treinador como gestor de recursos humanos, com vista à obtenção de sucesso, será fundamental avaliar de forma continuada quer em termos somáticos, como cognitivos, como comportamentais, o estado de competências dos seus jogadores e anotar os traços da sua personalidade daqueles que perante este fenómeno, estarão mais disponíveis para exibir esse marco vibracional de entusiasmo, agarrando o futuro com mais esperança.
No concernente à densidade competitiva, a ciência do treino desportivo em termos energéticos, refere que as 72 horas entre jogos será tempo suficiente para repor os níveis de glicogénio e as fontes energéticas ao nível básico de Vo2 Max (consumo oxigénio), mas nada refere neste caso de acumulação de tantos jogos em sequência, nem as horas em que se realizam, nem as consequências inerentes aos resultados obtidos e/ou rendimento apresentado, nem as alterações climáticas e sequentes fusos horários a ultrapassar pelo jet leg existente que globalmente conduzem a situações de dessincronização dos ritmos biológicos, gerando como temos vindo a referir, maiores manifestações de fadiga, maiores dificuldades de concentração, maior irritabilidade ao desgaste, diminuição do estado de alerta, alterações do ritmo cardíaco, etc.
Creio que se torna fundamental então treinar, e apenas e quase só para recuperar. Neste âmbito julgo pertinente recorrer a outras estratégias que associadas, podem ajudar a complementar o afastamento duma síndrome de fadiga e possível estado de maior prevalência de lesões. Estudos realizados até ao momento entre os maiores clubes europeus nos referem a existência duma média de 7.9 lesões em cada 1000 horas de treino, confrontando as 29 lesões em cada 1000 horas em competição, sendo a maior percentagem ao nível muscular e ósteo articular. Será importante abrir aqui um parêntesis, no sentido de avaliar neste âmbito as consequências referenciadas a este nível, duma elevada densidade competitiva dos jogadores nas provas para as quais se viram convocados. Mas sobre esta temática, valerá a pena voltar um dia a uma reflexão mais profunda, naturalmente após verificar alguns resultados apresentados. (Continua)
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