Nem mais um passo atrás

Opinião Ricardo Neto

OPINIÃO

A primeira medida do novo governo de Portugal foi a retirada do logotipo institucional, que o anterior governo tinha encomendado ao designer Eduardo Pires, que apesar de renegado, continua a vencer prémios internacionais.

Por Ricardo Jorge Neto

OPINIÃO

 

 

O logotipo retomado padece de vários problemas na sua funcionalidade, e ao contrário das justificações avançadas, um logotipo não é, nem tem a função de substituir, a bandeira ou os símbolos nacionais. Há dias foi avançado um novo logotipo, mas acabou vítima das mesmas críticas sem sentido, e dois dias depois foi colocado no cesto da reciclagem do ambiente de trabalho de Montenegro…
 

 

Mas se neste caso, se torna cada vez mais evidente, que esta medida foi tomada ao balcão dum café, onde se discute tudo sem qualquer fundamento, em 1936 dois países mudaram as suas bandeiras, com um real motivo. Estávamos nos Jogos Olímpicos de Berlim, e em plena Alemanha Nazi, o principado do Liechtenstein estreava-se nos jogos com 6 atletas. Mais tarde, esta pequena nação tornar-se-ia o país mais pequeno do mundo a vencer uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Mas regressando a 1936, antes da cerimónia de abertura, a delegação do Liechtenstein e a delegação do Haiti perceberam que as duas nações tinham uma bandeira igual, uma barra azul em cima e uma vermelha em baixo… Para evitar a desagradável situação das duas senhoras de vestido igual num casamento, as duas delegações chegaram a um acordo, o principado do Liechtenstein colocaria a coroa do príncipe no lado esquerdo da bandeira, e o Haiti iria colocar o brasão nacional no centro da bandeira. Na cerimónia de abertura Oskar Ospelt velocista do Liechtenstein, e René Ambroise halterofilista e único representante do Haiti, entraram no Olympiastadion de Berlim com aquelas que seriam as novas bandeiras destes estados até hoje.
 

 

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Contudo, se o Liechtenstein teve a perspicácia de mudar a sua bandeira nacional, ou perceber que o Haiti tinha uma bandeira igual, infelizmente não conseguiu entender e adoptar uma outra bandeira, que toda a Europa sustentava… a bandeira do sufrágio das mulheres. De forma quase inacreditável, as mulheres no Liechtenstein apenas tiveram direito ao voto a partir 1984, após um referendo (onde obviamente apenas os homens votaram), e o ‘sim’ ao sufrágio das mulheres venceu à justa com 51,3%... O Liechtenstein foi assim, o último país europeu a conceder o voto às mulheres!
Num momento em que uma parte do mundo é oprimida por lideranças religiosas, castradoras da liberdade das mulheres, como o Irão e o Afeganistão, o nosso mundo ocidental, onde as mulheres lutaram com a vida, para que todas as outras tenham hoje mais direitos, vê aproximarem-se nuvens do passado e dos falsos moralismos, para colocar em causa a liberdade de ser mulher, de mandar em si mesma e de mandar no seu corpo! Podem mudar logotipos e bandeiras, mas nem mais um passo atrás nas conquistas das mulheres!

 

 

 

 

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