08/11/2025, 9:19 h
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OPINIÃO POLÍTICA
Por Filipe Rodrigues Fonseca (Engenheiro Informático e Dirigente do Livre Vale do Sousa)
Em janeiro termina o mandato de um Presidente da República que mudou drasticamente a postura tradicional do cargo. Se, por um lado, o seu à vontade com as câmaras e com o contacto com a população causou boa impressão no início, lentamente saturou os portugueses a ponto de perder alguma relevância quando falava. Mesmo assim, durante uma maioria absoluta do PS, foi o contrapeso que ainda trazia uma oposição ao antigo primeiro-ministro, numa época em que ninguém do PSD conseguia fazer a oposição desejada pela direita.
Atualmente, os tempos mudaram e tanto o governo nacional como os regionais e as principais câmaras portuguesas são controlados pelos social-democratas. Se, numa altura em que tínhamos uma maioria absoluta, o PR era o contrapeso para um governo socialista, neste momento só um presidente de esquerda poderia ser esse contrapeso. Numa democracia saudável, o poder político não deve ser governado por uma força única, e uma eleição de um presidente de direita enfraqueceria a nossa democracia.
Há um ano, a esquerda começou o processo de procurar uma candidatura que unisse todo o espaço. Numa sociedade cada vez mais polarizada, a união em torno de uma candidatura permitiria combater a crescente direita e extrema-direita, recuperando votantes que foram perdidos nos últimos anos para estas áreas. E muitos dos eleitores esperaram. Tal como no Sebastianismo, os eleitores ficaram à espera de que, na névoa atual do xadrez político, surgisse uma pessoa capaz de agregar todos em torno de um objetivo: apresentar a melhor candidatura de esquerda possível.

Não demorou muito tempo até haver o primeiro autoproclamado Sebastião. António José Seguro apresentou-se como “apartidário”, apesar do apoio claro do PS, e piscou o olho à esquerda, ficando à espera do apoio dos restantes partidos com representação na AR. No entanto, recusa ser de esquerda e que o coloquem em gavetas, piscando também o olho à direita. Isto impossibilita-o de alguma vez representar o espaço da esquerda nas presidenciais e, em vez disso, passa a ser apenas mais um candidato almirantado. Houve também tentativas do PCP e do BE com António Filipe e Catarina Martins, mas nenhum demonstrou estar perto de conseguir unir a esquerda num todo.
À 25.ª hora, como disse na apresentação de candidatura, Jorge Pinto apresenta-se também a eleições. Quando se havia desistido da hipótese de votar numa candidatura de esquerda agregadora, o deputado do Livre decide levar avante a candidatura com foco em valores ecológicos, progressistas, europeístas e, orgulhosamente, de esquerda. Se muitos já haviam desistido do aparecimento de D. Sebastião, eu acredito que a entrada de Jorge Pinto na corrida nesta altura nublada será o fator decisivo para muitos eleitores de esquerda.
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