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Gazeta Paços de Ferreira

01/02/2023, 0:00 h

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HISTÓRIA DO CRC 1º MAIO DE FIGUEIRÓ -II

Desporto Associativismo Desportivo CRC 1º MAIO FIGUEIRÓ

OS ANTECEDENTES (2)

E foi este apelo que me impeliu a contactar os amigos, que frequentavam o célebre “Café da S. Micas do Miguel” (onde todos, diariamente, “defumávamos” as nossas (ainda magras) carnes, víamos televisão, jogávamos cartas e fazíamos outras “patifarias”, que o politicamente correto me impede de referir) no sentido de se inscreverem numa lista que lhes apresentei, para ser entregue ao Padre Vieira, pedindo-lhe a cedência de uma sala na sua residência, para aí instalarmos uma biblioteca, que nos comprometíamos a fundar.

 

O CRC 1.º de Maio de Figueiró surgiu num contexto social, económico e

político de transição do nosso concelho de uma estrutura agrária para uma estrutura industrial, com intervenção de vários agentes no plano político nacional e local.

É este contexto que, estando na base da sua criação, ajuda à compreensão da necessidade do seu surgimento e explica o carácter de algumas lutas que os seus jovens intervenientes se viram obrigados a travar, para que a coletividade vingasse e se conseguisse afirmar ao longo dos anos, como, felizmente, vem conseguindo.

 

Nascimento do Clube marcado pelo contexto social, económico e político do ano de 1969

 

Recorde-se que, em 1969, se verificaram, a nível nacional e local, alguns acontecimentos que, lá no fundo, contribuíram para “marcar” o CRC 1.º de Maio de Figueiró, desde a queda da cadeira de Salazar, a Primavera Marcelista, a Crise Académica de Coimbra, as eleições para a Assembleia Nacional e a intervenção social de alguns párocos junto dos grupos de jovens.

E foi exatamente a partir de uma dessas reuniões, promovidas pelo pároco de Figueiró, António Vieira, que foi dado o “clique” para a criação de uma organização, que promovesse a emancipação social e cultural dos jovens da terra.

 

 Reunião promovida pelo Padre António Vieira

 

A reunião tinha como ordem de trabalhos a criação de um fundo de apoio aos estudantes de débil condição económica, que já eram alguns na freguesia, para além dos “endinheirados”.

A proposta ia sendo discutida, sem que se vislumbrasse a menor hipótese de concretização, pelo que sugeri que se criasse uma biblioteca, em forma de cooperativa, e se aproveitassem as requisições de livros que alguns de nós fazíamos, na Biblioteca da Gulbenkian em Paços de Ferreira, e que assim seriam colocados à disposição dos cooperantes.

Esta proposta também não foi aceite, tornando, assim, a reunião inconclusiva.

 

Joaquim “CUCA”: e porque não?

No entanto, no final, o amigo Joaquim “Cuca” – infelizmente já falecido – incitou-me a avançar com a ideia, que considerava interessante e com a qual se dispunha a colaborar, com os magros tostões que poderia “sacar” a sua mãe e com os livros que também se dispunha a requisitar na Gulbenkian, que também frequentava.

 

Os 40 no “Café da S. Micas do Miguel” 

 

E foi este apelo que me impeliu a contactar os amigos, que frequentavam o célebre “Café da S. Micas do Miguel” (onde todos, diariamente, “defumávamos” as nossas (ainda magras) carnes, víamos televisão, jogávamos cartas e fazíamos outras “patifarias”, que o politicamente correto me impede de referir) no sentido de se inscreverem numa lista que lhes apresentei, para ser entregue ao Padre Vieira, pedindo-lhe a cedência de uma sala na sua residência, para aí instalarmos uma biblioteca, que nos comprometíamos a fundar.

Foram 40 esses signatários que, deste modo, inscreveram o seu nome na criação da mais relevante instituição da freguesia: a Biblioteca de Figueiró, depois Clube Recreativo e Cultural 1.º de Maio de Figueiró.

 

E assim nascia o “CLUBE” – Biblioteca de Figueiró

 

Recordo com saudade alguns desses amigos e companheiros das intermináveis conversas madrugadas adentro, que já partiram do nosso seio, e aproveito para saudar os restantes, que ainda por cá arrastam

os esqueletos, pela sua amizade e companheirismo, que se foi consolidando sempre que foi necessário “tocar a reunir as tropas” para preservar vivo esse belo sonho de juventude que foi “O Clube”, o petit nom pelo qual, carinhosamente, o tratamos.

Álvaro Neto

Publicado na Gazeta de Paços de Ferreira de 6 de Fevereiro

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