02/06/2024, 0:00 h
264
OPINIÃO
Por Joaquim António Leal
OPINIÃO
No período pós-Revolução de Abril, cantou-se por toda a parte que “somos livres, somos livres de voar”. Nesses tempos, ingenuamente os jovens como eu acreditaram que mais ninguém lhes tiraria a voz. Atualmente, à mesa do café posso falar do que me apetece, sem medo de estar a ser escutado por um bufo que chame a PIDE para me enfiar num calabouço. Neste sentido, mantém-se de facto a liberdade conquistada com a Revolução. Já quando escrevo no Facebook, por exemplo, e recebo uma mensagem da”gerência” a informar-me que vou ser bloqueado por não ter cumprido a política deles, aí o caso muda de figura. É que basta-me discordar do poder dominante para me emudecerem sem qualquer justificação.
Há uma guerra em curso em território ucraniano e os poderes dominantes do Ocidente, Europa e Estados Unidos da América, colocam-se ao lado do país invadido, fornecendo-lhe armas, munições e uma máquina de propaganda eficiente. Alguém apresenta uma alternativa ao armamento, a hipótese de se tentar sentar na mesma mesa as partes envolvidas, de se procurar a paz em vez de prolongar o sofrimento das pessoas, e é imediatamente silenciado, não por se colocar ao lado do país invasor, mas, simplesmente, por contrariar a versão oficial daqueles que ganham com a guerra. Todos sabem que a negociação se faz agora ou depois, com mais ou menos sofrimento, mas alguns fingem não perceber.
ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA
Concentremo-nos na Europa, no espaço a que geograficamente pertencemos. Grande parte dos países, como Portugal, pertencem a um bloco dito de defesa chamado NATO, embora esta organização se vá armando em justiceira aqui e ali, conforme os interesses dos países dominantes. Apoiam a Ucrânia desde o primeiro tiro com armas e treinos militares, mas, ao mesmo tempo, ignoram a Palestina onde se assiste ao extermínio dum povo. Neste território, em apenas sete meses já morreram perto de 36 mil pessoas, na sua maioria crianças e mulheres, enquanto na Ucrânia, com uma população quase 20 vezes maior, em dois anos de guerra, os mortos civis não atingiram os onze mil. A diferença é abissal. Perante a tragédia palestina, os governantes europeus falam, falam, mas nada fazem, sequer embargam algo a Israel como rapidamente fizeram com a Rússia. Mas, pelo que constatamos, não os podemos criticar.
Há liberdade no velho continente? Varoufakis quis dar uma palestra na Alemanha sobre a Palestina, mas o governo germânico não deixou.
Opinião
21/04/2025
Opinião
20/04/2025
Opinião
20/04/2025
Opinião
19/04/2025