29/05/2025, 0:00 h
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FREGUESIAS
Por Miguel Meireles
Nestes lugares, a dimensão agrícola aparece como complemento e prolongamento da residencial. O espaço habitacional restricto - a casa - e as áreas adjacentes cultivadas constituíam uma unidade, pela qual e na qual o grupo doméstico assegurava a sua reprodução. Próprias ou de renda, a ausência dessas áreas, de maior ou menor dimensão, mas sempre pequenas, era tida, localmente, como situação de carência e configurava habitualmente situações de pobreza extrema.
O espaço doméstico era inclusivo de faixas envolventes com utilização agrícola, mas não só. Em múltiplas situações, a própria casa, com ou sem anexos, dava guarida às aves e ao gado miúdo, servia de adega e de pequeno armazém. Muitas vezes, assegurava o exercício de actividades transformadoras ou comerciais, de tipo artesanal. Não eram poucos os casos em que o exercício destas actividades e a função residencial se encontravam no mesmo aposento.
A distribuição espacial dos lugares com feição residencial fazia-se pela meia encosta e prolongamentos do morro de S. Gonçalo. Eram as vertentes voltadas a W e sobranceiras à mancha agrícola de Casais/Rosende que, ao tempo, se encontravam mais povoadas. Nelas, tinham assento os povoados das Barreiras, Dobadoura, Cerdeiras e parte do lugar da Igreja. A outra parte do lugar da Igreja, do Carvalhido e das Portelas, ficavam no prolongamento para SW daquele morro, na vertente sobranceira à mancha agrícola que se estendia do Outeiro até ao Reguengo. Acções de arroteamento e construção transformaram as condicionantes do relevo, em socalcos escalonados e suportados por muros robustos.
Todos estes lugares configuravam faixas, mais ou menos alongadas, que se intrometiam por entre os domínios fundiários dos maiores proprietários agrícolas de S.Pedro. Facto este que tanto permite pressupor um "abrir mão " de parcelas de terreno por aqueles, como um movimento, não levado ao fim, da concentração dos seus patrimónios. A primeira hipótese é a que se nos apresenta como mais provável. Com efeito, alguns residentes recordam ainda a sujeição a foros, que tiveram de remir ou que foram "perdoados". Para outros, o acesso a bens próprios resultara de doações, feitas por proprietários ricos, a titulo de compensação por serviços prestados.
Uma teia complexa de caminhos e carreiros servia os diferentes lugares, articulava-os entre si e ordenava o povoamento. Alguns prolongavam-se pelas freguesias contíguas ou perdiam-se nas manchas agrícolas e florestais referidas. Três eixos principais e o Largo, em que confluíam, definiam a estrutura viária de S.Pedro. Eram eles: o Caminho das Barreiras, a Estrada Municipal, a Estrada Nacional e o Largo da Igreja.
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