29/03/2025, 10:45 h
687
Desporto Destaque Entrevista FC PAÇOS FERREIRA
DESPORTO - ENTREVISTA
Entrevista por José Santos
Que sensações teve ao vencer as eleições do FC Paços de Ferreira e assumir a presidência num momento tão desafiante para o clube?
Foi um misto de muita alegria com um sentimento de enorme responsabilidade. Não escondo que era um desejo pessoal vir a assumir este cargo, embora não contasse que fosse tão cedo. Naturalmente o momento do Paços exige muita responsabilidade e seriedade, pois estar à frente dos destinos de uma das principais instituições do nosso concelho assim o exige.
Quais são os principais objetivos da sua direção para o futuro imediato e a longo prazo?
A curto prazo queremos conquistar a manutenção na segunda liga e garantir que o clube cumpre com todos os requisitos para se inscrever na próxima temporada. Depois o foco passa por tornar o clube sustentável do ponto de vista financeiro e competitivo na vertente desportiva. Não queremos vender promessas aos sócios. O nosso compromisso é o de trabalhar para que amanhã o clube esteja melhor do que está hoje.
“A nossa dimensão torna praticamente impossível manter o modelo de gestão atual e ser desportivamente competitivo e financeiramente viável.”
A vontade de alterar a gestão desportiva para uma SAD ou SDQ tem gerado dúvidas e divisões. Pode explicar como se vai processar e qual a sua visão para esta mudança?
O clube viveu e cresceu do trabalho árduo de muitos diretores e do aporte financeiro que muitos empresários e sócios deram ao clube ao longo dos anos. Contudo, o futebol mudou. Tornou-se numa indústria altamente profissionalizada e com enormes investimentos. As estruturas são cada vez maiores e as exigências aumentam de época para época. Infelizmente a nossa dimensão torna, na minha ótica, praticamente impossível manter o modelo de gestão atual e ser desportivamente competitivo e financeiramente viável. É certo que as recentes más épocas desportivas precipitaram esta necessidade de termos outro modelo de gestão, mas face à evolução do futebol em Portugal, seria algo que teríamos que fazer se nós quiséssemos manter o clube na esfera do futebol profissional. Basta ver que, por exemplo, na segunda liga somos a única SDUQ.
Quem serão os investidores na SAD e que garantias pode dar aos sócios sobre a solidez do projeto?
Essa informação será tornada pública em primeira mão aos associados. Nunca o divulgaria na imprensa sem transmitir aos associados numa assembleia geral.
O ambiente no clube não tem sido de união. Como pretende recuperar a confiança dos sócios e pacificar a massa associativa?
É natural que uma alteração do modelo de gestão provoque divergências de opinião no seio dos sócios. Ainda por cima quando temos muitos exemplos de SAD em que as coisas correram menos bem. Eu percebo as reticências de quem é contra o modelo SAD. Contudo, este não é o momento de estarmos virados uns contra os outros. É tempo de, munidos de toda a informação, debater os prós e contras e permitirmos que a maioria dos sócios escolham o que querem para o clube. Haverá da minha parte abertura para prestar todos os esclarecimentos, principalmente a quem é contra. Não obstante disso, há uma época para terminar e as nossas equipas precisam de uma massa adepta unida e em peso para concretizar o objetivo de manter (no caso da equipa principal) ou de subir (casos dos sub19, sub15 e equipa principal de futsal).
“Há uma época para terminar e as nossas equipas precisam de uma massa adepta unida e em peso para concretizar os objetivos.”
Que medidas pretende implementar para reforçar a ligação entre o clube e os seus adeptos?
Queremos que o concelho e o clube estejam fortemente ligados. Independentemente do modelo de gestão, queremos fazer do Paços o maior representante do nosso concelho, da nossa cultura e dos nossos valores. Foi isso que transmitimos ao investidor: procuramos alguém que partilhe da nossa visão. Alguém que se identifique com a matriz trabalhadora e humilde deste concelho sem que isso belisque minimamente a ambição. É nesse intuito que trabalharemos.
O Paços atravessa dificuldades desportivas. Que mudanças pretende implementar para garantir a estabilidade e o regresso ao sucesso?
Este não é o momento de mudanças. Só o plantel atual e as pessoas que à volta dele trabalham é que nos podem tirar desta situação. Acredito plenamente nas capacidades e no compromisso de cada um para cumprir o objetivo mínimo de assegurar a manutenção. Posteriormente iremos analisar o que correu mal nos últimos anos e reorganizar os processos para que não voltemos a passar por este sufoco.
Que papel terá a formação no futuro do clube, especialmente nesta nova fase?
Felizmente nos últimos anos temos tido bastantes atletas a terem a oportunidade de se tornar profissionais no nosso clube. Este ano temos 5 jogadores que passaram pela nossa formação no plantel profissional. É sinal de que há qualidade no trabalho desenvolvido na formação. Contudo precisamos de melhorar as condições de trabalho para que possamos extrair ainda mais resultados da nossa formação. É nosso intuito trabalhar para melhorar essas condições e com isso, conseguir que mais atletas acrescentem valor desportivo e financeiro ao clube.
“Acreditamos que este projeto pode ajudar a devolver os dias felizes a Paços de Ferreira.”
O que diria aos sócios que estão reticentes quanto ao futuro do FC Paços de Ferreira?
Que se informem. Que questionem. Que participem das futuras AGs. Não vou promover nenhuma “lavagem cerebral”. Vou partilhar com os sócios toda a informação possível para que possam tomar decisões informadas. No final do dia poderão continuar a discordar do nosso projeto, mas que não seja porque leram um monte de mentiras nas redes sociais. Acreditamos que este projeto pode ajudar a devolver os dias felizes a Paços de Ferreira. E queremos que os sócios estejam envolvidos e partilhem da nossa confiança. Porque precisamos de estar unidos para que o futuro do Paços seja um sucesso.
Que mensagem final gostaria de deixar aos adeptos e a toda a família pacense?
Encham o estádio capital do móvel no domingo. O Paços precisa de todo o apoio para garantir a manutenção para que começamos a trabalhar com calma e rigor no futuro do Paços.
Em Assembleia Geral Extraordinária
Rui Abreu eleito presidente do FC Paços de Ferreira
Rui Abreu venceu as eleições antecipadas, realizadas no passado dia 21 de Março, para os novos corpos gerentes do Paços de Ferreira, biénio 2025-2027.
Foram ainda eleitos para presidir à Assembleia Geral, José Sousa Carneiro e ao Conselho Fiscal, José Fernando Barbosa.
Os 633 sócios votantes repartiram os seus votos pela lista única de Rui Abreu 2176 votos, 1448 votaram em branco e registaram-se ainda 31 votos nulos.
ASSINE A GAZETA DE PAÇOS DE FERREIRA
Opinião
15/07/2025
Opinião
13/07/2025
Opinião
13/07/2025
Opinião
12/07/2025