Por
Gazeta Paços de Ferreira

13/11/2022, 0:00 h

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BRASIL- o poder do voto em democracia e a unidade da nação

Opinião António Colaço

Quatro foram os fatores que neutralizaram a tentativa de transformar o caso brasileiro como algo que se assemelhasse à Trumpecização ou ao Estado militarizado de Myanmar.

                            

                              

O saldo da eleição presidencial no Brasil aí está – Lula (L) - 50,90%, Bolsonaro (B) - 49,01%.

Tratou-se de um empate técnico onde o mais votado é sempre o vencedor e apto para tomar posse.

Foi, no entanto, estranho que Bolsonaro, demorasse 49 horas para se pronunciar sobre o resultado eleitoral, dando assim tempo para os bloqueios de cerca de 200 estradas por camionistas, gerando problemas de distribuição de bens e espalhando caos em prejuízo do trânsito rodoviário.

Neste ínterim, caso fosse recebido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), viabilizaria a legitimação do protesto arruaceiro,  daí provocando a intervenção das Forças Armadas, para pôr ordem no país, - tudo isto. numa tentativa para impedir a futura posse do candidato vencedor.    

Quatro foram os fatores que neutralizaram a tentativa de transformar o caso brasileiro como algo que se assemelhasse à Trumpecização ou ao Estado militarizado de Myanmar.

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Em 1º lugar, a força dos manifestantes do Lula; em 2º, a judiciosa posição do STF em não receber o Presidente Bolsonaro antes de ele se manifestar publicamente face ao resultado eleitoral, bem como a ratificação da ordem dada à Polícia Rodoviária Federal (PRF) para desbloquear as estradas;  em 3º, o apoio das potências mundiais à eleição do Lula, nomeadamente dos EUA, Reino Unido, França, Rússia, Alemanha, China e India; e em 4º, o não menos importante, o empenho  dos responsáveis políticos do país para oficializar politicamente o resultado eleitoral.

É assim que se explica o tardio apelo de Bolsonaro para o desbloqueio das estradas.

Nesta eleição, apenas 1,8% de votos separa os dois candidatos representando programas socio económicos distintos.

Não parece, no entanto, que tal represente um fracionamento da sociedade brasileira.

A ajuizar pelas imagens da TV e dos jornais, não deixa de ser estranho que votantes que nada têm a ver com os valores do grande empresariado votassem contra os seus próprios interesses, nomeadamente clamando pela intervenção das Forças Armadas para impedir a tomada de posse do candidato eleito. 

Resta-nos confiar que o futuro governo do Brasil alcance as metas democráticas que se propôs, pondo termo, além do mais, ao racismo oculto e atingindo as metas de uma sociedade economicamente mais justa.   

Lisboa 04/11/2022, António Bernardo Colaço, Juiz conselheiro do STJ – jubilado)  

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