10/11/2024, 13:09 h
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…” a água a mais também mata a planta!” ...
Por José Neto (Doutorado em Ciências do Desporto; Docente Universitário; Investigador)
No sentido de valorizar o contributo para uma possível adaptação aos microciclos semanais de treino, apresento algumas sugestões, que me parecem de maior relevância:
- Treinos curtos em volume e de média/alta intensidade, com intervalos longos, valorizando a compensação hídrica e respiratória.
- Inserir no processo de engenharia ambiental de treino as técnicas que sejam capazes de promover a confiança dos jogadores, assegurando-os e encorajando-os na capacidade de serem bem-sucedidos;
- Reformular os objetivos de conquista, (curto, médio e longo prazo) – difíceis e desafiadores, comparando a análise de rankings de sucesso de complexidade crescente;
- Operacionalizar nos processos de treino, as técnicas de redução de stress e ansiedade (individual e coletivo), utilizando as técnicas de relaxamento muscular progressivo, imaginação, respiração e visualização mental, simulando as condições adversas, passíveis de consciencializar as tomadas de decisão antecipadas de previsível sucesso.
Sempre que possível esta administração metodológica deverá ser realizada nos espaços de jogo e especialmente nas zonas de maior fluxo exibicional, podendo e devendo ser aclaradas com um processo de auto comunicação, onde podem intervir focos de irradiação mediática causadores de muita felicidade e bem-estar social, clubística, familiar e profissional;
- Estabelecer planos de atenção superior com objetivos bem claros, eliminando aspetos circundantes e supérfluos, mas devidamente realistas, capazes de criar um estigma de orgulho no símbolo que representa. Já o referi por diversas vezes que as expressões mentais convertidas em ato, tornam-se mais reveladoras na tomada das decisões, sendo mais eficazes para obter o sucesso e perduram mais no tempo.
Nesta fase de abrangência competitiva altamente desgastante, as condicionantes biológicas, fisiológicas, atléticas e funcionais devem seguir com rigor a inserção das componentes comportamentais no plano de recuperação do esforço. Jamais esquecer uma instrumentalização duma cultura de honestidade, autenticidade, ética, resiliência e altruísmo para gerar as melhores condições dum estado de crença, que Norman Cousins (1915-1995), refere: “este estado de crença também pode gerar biologia como força motriz de intencionalidade energética onde se atestam comportamentos, ajustam desejos, invocam convicções , acabando por bater nas portas onde habita o sucesso”…e são tantos os exemplos que se nos oferecem esses relatos fantásticos de apoteose exibicional e que alguns desatentos, cognominam de sorte!...
Os caminhos da aprendizagem, transformam-se em projeto e mudança. Os processos que estão na base do treino orientado para o sucesso, advêm dum postulado já referenciado nos finais da década de 70, em que o nosso querido Professor Doutor Manuel Sérgio a este propósito dizia: “não pode haver preparo físico independente do modelo do jogo, adiantando que na preparação física, técnica, tática psicológica, o todo é uma referência constante pela sua complexidade, onde a ciência e a consciência não se podem limitar aos gastos energéticos e neuromusculares. A importância de trazer à planificação do treino não apenas a educação de físicos comprovadamente atléticos ou técnicos estruturalmente eficazes, ou táticos substancialmente competentes, mas a educação do que está para além do jogador que é o homem como pessoa. Estamos no confronto com pessoas pelo movimento intencional de transcendência em que do corpo em ato emerge a carne, mas também a paixão, o sangue, a rebeldia, as emoções e os sentimentos – tudo isto visando a transcendência ou a superação”.
Nos dias de hoje através duma dinâmica de intervenção ou planificação do treino, é possível a reconstrução dum modelo operacional, que após a avaliação de várias competências dos jogadores, poderemos atestar comportamentos, ajustar desejos, invocar convicções e partir para nova viagem de sonho onde possa habitar o êxito.
Deste modo procuramos atenuar o “fardo” das cargas em estado difícil de gerir pelo desgaste, provocado pela densidade competitiva por um lado, e por outro lado, aumentamos o foco pela inteligência emocional, como garantia do estado de forma do jogador.
Acuso alguns exemplos que podia confirmar o estado de forma duma equipa e dos jogadores que dela fizeram parte, em que estas vertentes foram trabalhadas de forma seriamente comprometida, em semanas para as quais se antecipavam jogos de dificuldade máxima, e nos momentos de descanso ativo, se viram ativados estes ciclos de intervenção, com resultados simplesmente notáveis, muito embora, claro está sem a fobia e complexidade duma densidade competitiva, tal como se nos apresenta o calendário nesta época.
Seria injusto caso não voltasse a referir o que está plasmado na tese da intencionalidade operante, por parte do nosso sempre amado Professor Manuel Sérgio, que nos garante que é a partir do tónus mental e emocional que cada sujeito cria a própria realidade. Deste modo bem podemos explicar o contributo inestimável de consciência ancorada num estado e alegria e felicidade, que permite obter um estatuto pleno dum ganhador.
E as equipas felizes transportam no seu seio uma energia autenticada pela segurança no que querem fazer, ocultando o que têm de evitar, sendo capazes de produzir relações de elevada estabilidade, validadas pelo sucesso alcançado. Os elementos que delas fazem parte, estabelecem um clima de reações mais estável e porque possuem um sistema imunitário mais resistente e duradouro, fazem das causas participativas, no viver e no treinar, os melhores instrumentos para atingir resultados de sucesso e ainda porque e, repito-o: “em cada gota de suor, terá sempre de conter um grão do pensamento.”
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