19/01/2025, 0:00 h
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DESPORTO
Por José Neto (Doutorado em Ciências do Desporto; Docente Universitário; Investigador)
Sabemos que as lesões em traumatologia desportiva revestem basicamente dois aspetos distintos. De um lado, os acidentes traumáticos, resultantes da velocidade de movimentos forçados e dos choques; do outro lado, os pequenos traumatismos ligados à repetição exaustiva dos gestos, levando ao desgaste prematuro das articulações. O sistema esquelético e o sistema osteoarticular são os mais solicitados, pelo que a elevada percentagem de lesões se verifica a este nível, não obstante a contínua participação de outros sistemas orgânicos, principalmente cardiovascular e pulmonar.
As lesões continuam a ser as piores inimigas dos atletas, constituindo-se um dos obstáculos mais significativos ao rendimento que se pretende e exige, para poder ser bem-sucedido. Os efeitos das lesões no bem-estar psicológico dos atletas e o seu rendimento posterior são bem evidentes nos resultados alcançados. Daí se dizer que uma
lesão representa não só um problema físico, mas também um desafio à manutenção emocional e ao jogo mental do atleta, como farei incidir nos artigos que prometo dar sequência.
Sem dúvida que qualquer lesão provoca danos, traduzindo em quem quer que seja um estado de espírito e de angústia na pessoa lesionada. Neste âmbito, é muito importante ter em atenção para além das reações atléticas, físicas e fisiológicas do atleta, as reações psicológicas e comportamentais do mesmo, estabelecendo-se no plano de treino de recuperação um programa de reabilitação, que seja capaz de acompanhar as vertentes enunciadas.
Neste âmbito, quem o orienta, para além de se assumir como técnico responsável, deverá
ser também um amigo mais próximo, que seja capaz de dividir com o atleta o seu suor, a sua alegria, o seu saber, a sua dedicação, sem jamais esquecer a sua exigência.
Um dado de registo que importa já reter é que por estudos efetuados, sabemos que o índice de lesões aumenta à medida que o número de sessões de treino e a exigência da competição também aumenta. A utilização de equipamentos inadequados e a agressividade colocada no domínio do jogo também a isso se vê determinado.
No que se refere aos fatores predisponentes e no que diz respeito aos aspetos psicológicos, regista-se a importância da inter-correlação das situações e acontecimentos de vida que têm para os atletas lesionados, sendo alguns experienciados como extremamente negativos, ou extremamente positivos por diferentes atletas, apresentando como exemplos: vida conjugal, nascimento dos filhos, morte ou acidentes graves de familiares diretos, grupo de trabalho ou equipa, mudança de clube ou treinador que do mesmo fazia parte.
Ainda a referenciar as fontes de apoio e ajuda de natureza social e emocional durante o processo de recuperação, como seja a esposa ou namorada, dos familiares mais próximos, da equipa médica, dos amigos e colegas da equipa. De registar ainda o facto de que, os atletas com maiores níveis de apoio social e emocional, admite-se uma notável e mais elevada rapidez da recuperação das lesões, experienciando ainda esses mesmos atletas menores estados de confusão, depressão, irritação e perturbação do estado de humor, demonstrando maior estado de vigor psicológico, porque uma lesão representa não só um problema físico, mas também um desafio à manutenção e ao equilíbrio emocional e mental do atleta.
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