23/06/2024, 11:26 h
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OPINIÃO
Por Filipe Rodrigues Fonseca (Investigador em Inteligência Artificial)
OPINIÃO
As eleições europeias sempre foram um reflexo do estado da nação. Pedro Nuno Santos consegue a sua primeira vitória política frente a Montenegro, o Chega cai abruptamente e a esquerda, apesar da sua divisão, consegue vencer a surpresa da noite.
A eleição de deputados por círculo único nacional transforma-se numa sondagem de como os portugueses avaliam as políticas nacionais.
Pedro Nuno Santos consegue, após uma série de derrotas, a sua primeira vitória à frente do partido. A escolha de Marta Temido, uma mulher que esteve em frente do pequeno ecrã todos os dias durante dois anos, demonstra que o partido tem muitas caras conhecidas do público, algo que tem faltado à AD nos últimos anos.
Já do outro lado, Bugalho era uma pessoa mediática na bolha política, mas desconhecida das massas. E muitos que o conheciam apenas o lembravam pelas ideias ultraconservadoras, algo incomum vindo de alguém na casa dos vinte.
A AD obteve, assim, o oposto do esperado: perder votos de jovens que não se reviam com a sua ideologia apesar da idade.
Após umas legislativas com participação elevada, as europeias acabam por não ver o mesmo efeito e, consequentemente, sofreram menos com o voto de protesto.
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A queda do Chega para quase metade demonstra a fragilidade do populismo. Uma falta de membros com a presença mediática de André Ventura, aliada a uma grave falha de posicionamento em diversas matérias, leva o Chega a uma descida abrupta. O eleitorado do Chega não é, na sua maioria, um eleitorado presente na vida política. Uma grande parte deste eleitorado não é fácil de manter a longo prazo porque a falta de identidade não retém as pessoas no partido.
Quanto aos partidos de esquerda, BE e PCP viram a sua participação no europarlamento reduzida para metade. O Livre teve, apesar de não eleger, o seu melhor resultado em percentagem de sempre.A soma dos votos dos três partidos foi superior a uma IL que se revelou a surpresa da noite.
A perda de deputados à esquerda resulta assim, em parte, pela melhor segmentação ideológica da esquerda portuguesa, quando comparado com a falta de partidos relevantes à direita da AD.
As eleições europeias foram uma sondagem à política portuguesa três meses após as legislativas. As mesmas deram vigor a um PS enfraquecido no parlamento português e demonstraram as consequências a longo prazo do populismo.
A queda do Chega pode também significar uma aprovação do OE, no fim do ano, por medo de perder deputados no hemiciclo nacional.
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